Este Blogue tem como objectivo divulgar o Serviço Social Português (SSP) e aceita colaborações e iniciativas escritas, notícias e fotografias dos profissionais e estudantes de Serviço Social de qualquer canto do mundo.
sábado, junho 02, 2007
Assistente Social Sônia Coellho do Movimento Sempreviva Apela à legalização do Aborto
Uma manifestação pelo direito ao aborto está prevista para esta segunda-feira, às 16h, em São Paulo, em frente à praça Ramos de Azevedo, no centro da capital. Aproveitando as comemorações do Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher, o movimento pretende lutar pela legalização do aborto e por seu atendimento no sistema público de saúde.
Segundo Sônia Coelho, assistente social e integrante da Sempreviva Organização Feminista (SOF), o movimento também pretende lançar o Comitê de Luta pela Legalização do Aborto, com a união de várias entidades e organizações sociais como a Marcha Mundial de Mulheres, a União Brasileira de Mulheres, a Liga Brasileira de Lésbicas e o Fórum Estadual de Mulheres Negras-RJ, entre outras.
"Esse não é um ato massivo. É um ato mais de liderança", explicou Sônia Coelho. De acordo com ela, a manifestação será realizada com poucos discursos, enfatizando o diálogo com as pessoas nas ruas e as performances musicais e teatrais. A expectativa da organização é de que cerca de 200 pessoas participem do movimento.
Para a assistente social, o aborto não é apenas uma questão de saúde pública. "Um aspecto fundamental para nós é que as mulheres tenham o direito de decidir sobre a sua vida, tenham direito à autonomia, à autodeterminação. Tem também esse outro aspecto que é o fato de que o aborto clandestino penaliza principalmente as mulheres mais pobres e negras porque quem tem dinheiro, na nossa sociedade, faz aborto tranqüilamente numa clínica ou hospital, com o seu médico particular. As mais pobres acabam morrendo ou ficando com seqüelas", afirmou Coelho, lembrando que, no Brasil, ocorrem mais de um milhão de abortos por ano.
"Nós não defendemos o aborto como método contraceptivo", afirmou a assistente social. "Mas em uma gravidez indesejada, acreditamos que o último recurso tem que ser o aborto e não a imposição daquela gravidez para a mulher como forma de castigo ou qualquer outra coisa".
Coelho afirmou que o movimento das mulheres tem a intenção de se reunir todo dia 28 de cada mês, até setembro, quando se comemora o Dia Latino-Americano de Luta pela Legalização do Aborto. Além de manifestações em ruas da capital, o grupo planeja realizar debates em universidades e fazer oficinas em bairros da periferia paulistana.
Também está na pauta do movimento solicitar ao Executivo que apóie a aprovação de projeto, proposto em 2005 pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, que pede a descriminalização do aborto praticado até a 12ª semana de gestação. "Também queremos que o Executivo tenha ações de educação e formação dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) para que atendam dignamente as mulheres que fazem aborto clandestino", disse Sônia Coelho.
Agência Brasil
Semana de Serviço Social Celebrada na Cidade de Rondonopolis
Na abertura do evento, no Teatro da UFMT, na Capital, a professora doutora Rosangela Batistoni, da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), falou sobre “Formação e exercício profissional: balanço e perspectiva do marco dos 50 anos de regulamentação da profissão”. Na conferência, a professora mineira destacou o caminho percorrido pela profissão nessas cinco décadas de regulamentação do Serviço Social.
A continuação da Semana de Serviço Social em Rondonópolis, nos dias 18 e 19, ocorreu no anfiteatro da Escola Sagrado Coração de Jesus. Nesses dois dias também foram realizadas palestras proferidas pela diretora do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), Ana Cristina Abreu, professora doutora Imar Domingos Queiroz, da UFMT, e pela presidente do CRESS, Liliane Capilé Charbel Novaes.
“A semana, aqui na cidade (Rondonópolis), foi prestigiada também por profissionais que atuam em municípios da região sul do Estado”, frisa Piato, destacando que o envolvimento dos acadêmicos nas discussões foi extraordinário.
sexta-feira, junho 01, 2007
Entre o Picoas e o Saldanha Um Teste de Direito de Menores para Estudantes de Serviço Social
Conheceram-se entre as Picoas e o Saldanha numa viagem de metropolitano. Iam tão apertado, tão encostados um ao outro que Virgílio corou, corou, ficou atrapalhado e pela primeira vez em trinta anos chegou atrasado ao emprego, pois não saiu no Campo Pequeno.
Virgílio desde que enviuvara vivia sozinho e sentia-se triste nos seus sessenta anos gastos e cansados. Conhecer Esperança foi nascer outra vez, encher o peito de ar, sentir-se vivo, apostar no futuro. E Esperança era tão jovem. Apenas 23 anos mas já um filho de pai desconhecido. Ah! Que esperança na Esperança teve Virgílio! Na noite desse dia, que era o quinto do segundo mês do ano de 1983, Virgílio e Esperança dormiram juntos. E conversaram, e planearam e sonharam. Casariam o mais depressa possível, Virgílio perfilharia o pequeno Leonardo e seriam felizes, felizes para sempre.
Virgílio parece jovem. Ninguém o reconhece, mudou de penteado, deixou crescer o bigode, já não usa gravata. Esperança gosta assim e Virgílio concorda. Virgílio vai concordando com tudo o que Esperança diz. E nem ficou admirado quando ela, no dia 17 de Março o informou de que estava grávida. Sentiu-se foi orgulhoso e até enviou um telegrama ao filho Artur que vive na Austrália. Quis mesmo lançar alguns foguetes mas Esperança não deixou.
Casaram a 3 de Abril. Chovia o que é bom presságio, sinal de felicidade. Já passou algum tempo e o casal continua a viver em plena harmonia. A barriga de Esperança vai crescendo, crescendo e Virgílio está cada vez mais contente. Um filho na idade de ser avô. Que bom! Ainda não perfilhou Leonardo. Pensa agora em adoptá-lo. Parece que é mais correcto, segundo lhe disseram.
E chegou o bebé. É um rapaz gorduchinho e vermelho. “Mas que lindo bebé senhor Virgílio”. “Tão parecido com o pai, senhor Virgílio”. “A covinha no queixo, as orelhas pequeninas, o azul escuro dos olhos. Tal e qual a sua cara, senhor Vírgilio”.
Virgílio quasi morreu de felicidade naquela manhã do dia de S. João quando assistiu ao nascimento do filho na Clínica de S. Jorge. Vai chamar-se Virgílio, pois então.
E o bebé cresceu como todos os bebés. Já corre a casa toda, já brinca com o irmão, fala muito. Virgílio continua feliz. Ainda ama Esperança como no primeiro dia. Mas tudo vai mudar. E eles não sabem coitados. Vem aí a desgraça e nada posso fazer. Foi assim.
Agora só há lágrimas e tristeza. O lar deixou de o ser. Apenas um velhote e dois meninos ficaram para ali abandonados. Virgílio não tem resignação. Falta-lhe a esperança e já não tem Esperança.
Depois de uma semana de grande sofrimento, Virgílio resolveu arrumar as coisas de Esperança. Esta trouxera quando do casamento uma pequena arca cheia de papéis, cartas, retratos, recordações, que Virgílio começou a remexer. Viu retratos, leu e releu diários e cartas e nada lhe chamou a tenção. Tudo era antigo, de outra Esperança que não tinha conhecido. Até que uma carta, datada de 23 de Novembro de 1982 o fez dar um salto. Era um tal Rui e dizia o seguinte: Quero lá saber que estejas grávida! Não me chateies. Arranja um pacóvio qualquer. O problema é teu. Desenrasca-te... “Virgílio leu mil vezes esta passagem. Fez contas. Concluiu. O pacóvio era ele.
Logo no dia seguinte entregou as crianças a uma vizinha e intentou uma acção de impugnação de paternidade contra desconhecidos. Entretanto a vizinha recorreu ao Tribunal para resolver o problema dos menores. O Tribunal nomeou tutor das crianças Lázaro, guarda da P.S.P. que morava na mesma rua. A mulher de Lázaro, Duzolina quer adoptar os menores, mas tem apenas 28 anos. Porém dez dias depois Virgílio morreu de um ataque cardíaco.
Artur vem da Austrália ao saber de tudo isto. Chegado a Portugal procura contactar Rui. Depois ...
Comente, clarifique, interrogue, desenvolva, solucione, aconselhe.
quinta-feira, maio 31, 2007
Génese, Emergência e Institucionalização do Serviço Social Português (Obra Esgotada)
A partir de um tema de dimensão aparentemente regional, a autora soube contextualizá-lo à luz de três vectores que marcaram a sociedade portuguesa do século xix e boa parte do século xx. Referimo-nos aos debates e movimentações à volta da questão religiosa (antijesuitismo, anticongreganismo, laicização do Estado e da sociedade), da questão política (República versus Monarquia) e da questão social (socialismos, contra--ofensiva da Igreja). E como a emergência do Serviço Social e a institucionalização, já sob o Estado Novo, da Escola Normal Social de Coimbra ficariam ininteligíveis sem esses pressupostos, tal percurso deu à investigação um tratamento histórico pouco comum em não especialistas e em trabalhos deste género.
Este pano de fundo não pretendeu anular a especificidade que presidiu à institucionalização do Serviço Social em Portugal, (1935-1937); mas, antes, visou conexioná-la com a estratégia do Estado Novo em relação à conflitualidade social e ao novo papel que a Igreja deveria desempenhar na sua concretização. O que, em termos internos, implicou a sua inserção retrospectiva, remontando, nomeadamente, à sociologia conservadora (Lê Play) e à doutrina social da Igreja, e, no âmbito externo, requereu a sua comparação com o que, neste domínio, já tinha acontecido, ou estava a acontecer, em países como os Estados Unidos, a Inglaterra, a França, a Bélgica.
No essencial, os objectivos da obra foram alcançados. E ela não só constitui a primeira monografia sistematizada sobre a génese do Serviço Social entre nós, como dá um importante contributo para o entendimento de uma das faces do modo como o Estado Novo respondeu à obra laicizadora da República e tentou solucionar a questão social, integrando a Igreja no cumprimento da sua estratégia corporativista. Simultaneamente, a análise sociológica da frequência da Escola Normal Social de Coimbra e da função que lhe foi atribuída fornece um bom exemplo acerca das motivações ideológicas que determinaram a feminização de certas profissões, contribuindo, assim, para o estudo da situação da mulher em Portugal e, particularmente, para a compreensão do papel desempenhado por um certo «feminismo» católico na legitimação e defesa da ordem corporativa, então a viver a sua fase de consolidação.
Fernando Catroga
Serviço Social em Angola A Religião e a Moral em Africa
Manuela Gomes
Serviço Social Inexistência de Práticas de Mutilação Genital Feminina em Angola
Serviço SocialDesemprego, Desigualdade e Violência
Na solenidade de abertura, estavam presentes o secretário da Sedes, Alexandre Urquiza, o presidente do Conselho Municipal da Assistência Social (CMSS), Ricardo Leandro Ribeiro; a presidente do Conselho Regional de Serviço Social (CRESS), Conceição de Maria Barbosa Viana, e a assistente social do Conselho Estadual de Serviço Social (CESS), Janeide Maria dos Santos.
Alexandre Urquiza ressaltou o avanço da Assistência Social no sentido de conseguir se diferenciar do rótulo de 'assistencialismo'. "O assistente social vai até as áreas mais carentes para resgatar a família, visando a conjuntura social e psicológica", disse. Ele acrescentou que a gestão do prefeito da capital Ricardo Coutinho está dando uma atenção maior a essa área, através de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento social da população.
Programação – Ainda no período da manhã, a professora da UFPB, Luciana Batista de Oliveira Cantalice, ministrou a palestra 'Desemprego, Desigualdade e Violência no Brasil'. No período da tarde, está agendada a palestra 'SUAS-Avanços de Desafios', com a assistente social Sandra Teixeira. Às 16h será formada a mesa redonda com a temática 'Implementação da Política de assistência Social'.
No último dia de evento, na quinta-feira, haverá a conferência 'SUS-Conquista e Desafios frente à Universalização da Saúde. Ainda pela manhã, haverá a formação da mesa redonda que vai abordar o tema 'O SUS-A inserção do Assistente Social na Política de Saúde. Já no período da tarde, haverá debate na mesa temática 'Educação em Direitos Humanos e Serviço Social'.
Serviço Social II Festival Voz da Mulher Em Aveiro
O Voz de Mulher, reúne “cantoras que usam a Voz como forma principal da sua expressão artística. Mulheres que tenham desenvolvido investigação e ou experimentação em torno da Voz, não só como fonte sonora do canto e da palavra, mas também como instrumento capaz de criar uma linguagem musical e artística própria”.
Para já, confirma-se a presença da cantora-performer espanhola FÁTIMA MIRANDA que vem a Aveiro apresentar o concerto / performance de voz e vídeo “Diapasion”. Para além de mais dois espectáculos (ainda não confirmados) de duas reputadas improvisadoras, haverá durante estes três dias uma mão-cheia de actividades como sessões de Djing pelos animadores deste espaço e do vizinho do lado Raízes e Antenas, workshops e conferências. Destaque para o colóquio “vocalista ou Boca-Lista” de FÁTIMA MIRANDA). Aí poderá a ficar a saber tudo “sobre a voz e sempre teve vergonha de perguntar: Técnica, Ritmo, Gesto, Difonias, Respiração, Musicalidade, Escuta, Emoções, Palco, Processo Criativo, Disciplina, Cuidados, Partituras. Aqui tudo poderá questionar-se porque vale tudo nas vozes da Voz. O segredo está no «Como», não no «Quê».” O programa definitivo estará disponível em breve nos sites do Teatro Aveirense e das Segue-me à Capela.
quarta-feira, maio 30, 2007
SERVIÇO SOCIAL Greve Geral em PortUGAL
Greve geral com bons resultados apesar de...
Os dados disponíveis (relativos às 11 horas) sobre os níveis de adesão à Greve Geral permitem concluir que a jornada de luta é bastante positiva.
Já se sabe que CGTP, Governo e organizações patronais vão discutir até à décima a divergência estatística. Mas não sabemos quanto valem a precariedade e o medo nessas operações. E o medo é cada vez maior, mesmo onde menos se espera
Serviço Social Padre Holandês, Docente do ISSSL, Regresa a Portugal
Lia o Diário de Notícias após as orações, a missa e o pequeno-almoço na manhã de 18 de Fevereiro de 1970.
Ainda não tinha acabado o artigo que dava conta de um abaixo-assinado de dez mil padres católicos e pastores protestantes que, na Holanda, defendiam a saída de Portugal da NATO, alegando que o Governo de Lisboa usava meios militares da organização para massacrar as populações das suas colónias, quando um ruído lhe desviou a atenção do jornal, onde se dava conta de que a manifestação não passava de propaganda antiportuguesa - e ainda não se tinha dado o massacre de Wiriamu, a aldeia moçambicana arrasada pela nossa tropa (a fazer lembrar o massacre americano na vietnamita Mi Lai), em 1972, que levou à expulsão dos padres de Burgos e do Macuti.
Bart Reker conta ao DN que reconheceu o carro que parou diante da janela do seu quarto, no seminário que a Congregação dos Sagrados Corações tinha em Santa Iria de Azóia, compreendendo logo que a PIDE (a polícia política) o ia buscar outra vez.
O padre holandês seria novamente levado até à fronteira e convidado a sair do automóvel em Badajoz, com a indicação de ser uma pessoa indesejável no nosso país. A única diferença é que, dessa vez, pararam no Couço - freguesia com um proletariado rural explorado pelos latifundiários e vítima da repressão policial - para meter outros dois padres holandeses na viatura da polícia política.
Esse episódio, pouco conhecido, foi recordado pela Associação Não Apaguem a Memória! numa deslocação ao concelho de Coruche.
Mas enquanto Reker mantinha contactos com os católicos progressistas quase desde a chegada a Portugal, em 1963, os sacerdotes do Couço, Adriano Van der Ven e Jan (para os paroquianos, João) Dekker, apesar de serem também da congregação fundada por Pierre Coudrin - um conservador que se opunha à Revolução Francesa sem desconfiar que os seus seguidores iriam difundir a doutrina social da igreja -, eram só padres rurais na freguesia que o regime dizia ser comunista.Reker tinha estudado no Colégio Português em Roma e foi professor no Seminário dos Olivais, no Instituto de Serviço Social e no Instituto Superior Católico, dando aulas em cadeiras que abordavam as "realidades terrenas" numa visão cristã.
Na década de 60, começaram a ganhar importância os sectores dos católicos progressistas, que se opunham à guerra colonial e defendiam o fim dos presos políticos.Na madrugada de 1 de Janeiro de 1969, um grupo de católicos realizou uma vigília na igreja de S. Domingos, na sequência do apelo do Papa Paulo VI, que declarou que essa data passaria a ser o Dia da Paz.
"A carta pastoral do episcopado português indicava que essa meditação e oração pela paz deveria ser sobre a guerra do Vietname", recorda Reker à conversa com o DN. Naquela igreja, pelo contrário, até era lido um relatório com o número de mortos no Ultramar e divulgado um texto em que se defendia a solução pacífica para a questão colonial.
A ousadia dessa madrugada, em que se cantaram também os versos de Sophia que Francisco Fanhais musicou - "Vemos, ouvimos e lemos,/ não podemos ignorar" -, não teria as consequências da vigília de 1972, na capela do Rato, onde os participantes foram presos.
A 3 de Janeiro de 1969 morre a mãe de Reker e o padre vai ao funeral, mas, quando regressa da Holanda, não o deixam sair do aeroporto. Esteve duas horas a exigir falar com o Patriarcado. Levado para a sede da PIDE, falou com "um inspector de nome italiano", provavelmente Barbieri Cardoso, número dois na hierarquia. A polícia política terá ficado convencida de que o clérigo holandês louro que lera o rol dos mortos na guerra colonial tinha sido Bart Reker, quando de facto fora o seu compatriota Nicolau Poelman.
Barbieri chamou os agentes que meteram Reker no carro que o levou até à praça central de Badajoz, onde saiu com as duas malas e se hospedou num hotelzito, antes de se mudar para um colégio católico, ficando meses à espera que a situação se alterasse.
Contactou o superior da Congregação em Lisboa, o seu cúmplice Teotónio Pereira, o seu o advogado José Manuel Galvão Teles e a sua ex-aluna e filha de Miller Guerra - deputado da Ala Liberal, grupo que acreditou na chamada Primavera Marcelista. Deram-lhe a entender que a situação política iria mudar e, em Julho, recebeu um telegrama a dizer que podia regressar. As autoridades eclesiásticas sugeriam-lhe que tivesse cuidado, uma vez que tinha contactos com... comunistas. "Os tais comunistas", que afinal eram todos católicos mas anti-ditadura, "não eram nenhum perigo para a fé".
Entretanto, no Couço, onde o ministro do Interior, Gonçalves Rapazote, tinha uma quinta, Jan e Adriano tinham desenvolvido uma actividade pouco grata ao regime. O seu apostolado não se limitava à liturgia, pois também conviviam com o campesinato explorado pelos agrários e perseguido pelas greves contra o abaixamento dos pagamentos da jorna e pela jornada de oito horas de trabalho em vez de ser de sol a sol, com a PIDE a levar homens e mulheres para os seus calabouços.
E se Adriano tinha desafiado o arquitecto Nuno Teotónio Pereira a desenhar uma igreja que fosse lugar de reunião e de catequese, Jan foi mais longe. Num funeral, lembrava que os ricos tinham obrigações que não se limitavam à esmola que davam aos pobres. Obviamente, mesmo sem estarem a ler o DN, entraram também no carro da PIDE rumo a Badajoz.
http://castelodevide.blogspot.com/2007/05/os-infiltrados-da-padralhada.html
terça-feira, maio 29, 2007
SERVIÇO SOCIAL GREVE GERAL 30 DE MAIO Conheça Os Seus Direitos
Greve Geral 30 de Maio
CONHEÇA OS SEUS DIREITOS E EXERÇA-OS!
A recolha de dados por via da Internet, com acesso a formulário electrónico, no Ministério das Finanças e no ME, pelos respectivos serviços (escolas no nosso caso), não implica nem permite a identificação das pessoas que aderem à Greve Geral.
Aliás, se tal fosse solicitado pelo Governo tratar-se-ia de uma medida claramente inconstitucional e ilegal.
Assim, os órgãos de gestão só podem considerar, para cálculo da adesão, o universo dos professores com serviço distribuído naquele dia e até à hora da recolha dos dados, bem como o número de docentes em greve.
Por isso:
a) Só podem ser considerados para o universo dos professores aqueles que tiverem entrado ao serviço até à hora da recolha de informação;
b) Os professores que tenham serviço naquele dia, mas só entrem ao serviço depois das 11.30 horas (horário da primeira recolha) ou depois das 16.00 horas, não podem ser contabilizados naqueles dois momentos;
c) A consideração de docentes sem serviço distribuído para efeitos de cálculo da adesão à Greve Geral, viola o espírito e os objectivos do despacho do Ministério das Finanças.
O direito à Greve está consagrado na Constituição da República Portuguesa (Artigo 57.º) e traduz-se numa garantia, competindo ao trabalhador a definição do âmbito de interesses a defender através do recurso à Greve.
Mais se acrescenta na Constituição da República: a lei não pode limitar este direito!
Por vezes, procurando condicionar o direito à Greve, alguns serviços e/ou dirigentes da administração educativa informam incorrectamente os educadores e professores sobre os procedimentos a adoptar em dia de Greve. Para que não restem dúvidas sobre a forma de aderir à Greve e as suas consequências, respondemos a algumas das perguntas que mais frequentemente surgem:
1. Os professores têm de pedir autorização ou comunicar previamente a sua adesão à Greve?
- NÃO! Como é óbvio, a adesão à Greve não carece de autorização nem de comunicação prévia. Esta comunicação é feita pelos Sindicatos que, nos termos da Lei, entregam no Ministério da Educação e noutros que têm sob sua tutela, um Pré-Aviso de Greve.
2. Tem de se ser sindicalizado para poder aderir à Greve?
- NÃO! De facto, só as organizações sindicais têm capacidade para convocar uma Greve, porém, fazendo-o, o Pré-Aviso entregue às entidades patronais abrange todos os profissionais independentemente de serem ou não sindicalizados.
3. Um professor pode aderir à Greve no próprio dia?
- SIM! Pode mesmo acontecer que o docente já esteja no local de trabalho ou até tenha iniciado a actividade e, em qualquer momento, decida aderir à Greve.
4. O professor tem de estar no local de trabalho durante o período de Greve?
- NÃO! No dia de Greve o professor não tem de se deslocar à escola embora, se o quiser fazer, não esteja impedido disso.
5. O professor tem de justificar a ausência ao serviço em dia de Greve?
- NÃO! No dia da Greve só tem de justificar a ausência ao serviço quem tiver faltado por outras razões. Quem adere à Greve não deve entregar qualquer justificação ou declaração, cabendo aos serviços, através da consulta dos livros de ponto ou de registo de presença, fazer o levantamento necessário.
6. A adesão à Greve fica registada no Processo Individual do Professor?
- NÃO! É expressamente proibida qualquer anotação sobre a adesão à Greve, designadamente no Registo Biográfico dos professores. As faltas por adesão à greve, a par de outras previstas na lei, são apenas estatísticas.
7. Há alguma penalização na carreira pelo facto de um professor ter aderido à Greve?
- NÃO! A adesão à Greve não é uma falta, mas sim a quebra do vínculo contratual durante o período de ausência ao serviço, encontrando-se “coberta” pelo Pré-Aviso entregue pelas organizações sindicais. Daí que não haja qualquer consequência na contagem do tempo de serviço para todos os efeitos legais (concursos, carreira ou aposentação), nas bonificações previstas na lei ou no acesso a todas as regalias e benefícios consagrados no estatuto da carreira docente ou no regime geral da Administração Pública.A única consequência é o não pagamento desse dia e do subsídio de refeição pela entidade patronal.
8. O dia não recebido é considerado para efeitos de IRS?
- NÃO! No mês em que for descontado esse dia de Greve (deverá ser no próprio mês ou, na pior das hipóteses, no seguinte) o cálculo de desconto para o IRS e restantes contribuições será feito, tendo por referência o valor ilíquido da remuneração processada, portanto, não incidindo no valor que não é recebido.
9. Os membros dos órgãos de gestão podem aderir à Greve não comparecendo na escola?
- SIM! A forma de aderir à Greve por parte dos membros dos órgãos de gestão é a mesma que foi referida para qualquer outro docente.
10. Os Professores e os Educadores de Infância podem ser substituídos em dia de Greve?
- NÃO! Nenhum trabalhador pode ser substituído por outro em dia de Greve.
Nota: qualquer outra dúvida que surja sobre o direito à Greve deverá ser-nos apresentada. Qualquer forma de “pressão” que seja exercida sobre os professores, no sentido de os condicionar na decisão sobre a adesão à Greve deverá ser-nos comunicada.
A Direcção
Alunos Universitários l Vivem no Favelão da USP
Dezoito beliches, oito coladas a uma parede, dez do outro lado do quarto. Entre elas, por corredores de meio metro de largura, é difícil passar --há varais estendidos, forrados de roupas lavadas pelos próprios moradores. As paredes estão cobertas de mofo. Um rato aparece. Livros de física, de cálculo, de meteorologia espalham-se pelo ambiente. Esse é um quarto oferecido pelo serviço social da Universidade de São Paulo a alunos de baixa renda.
O "favelão da USP", como é chamado o alojamento provisório de estudantes, está enfiado sob as arquibancadas do estádio da universidade, na Cidade Universitária (zona oeste). Comporta 36 alunos (18 meninos e 18 meninas, em dois quartos separados), que aguardam uma vaga no Crusp, o Conjunto Residencial da USP.
"Isso aqui parece cela de cadeia, não é? Quando chove muito, até inundação tem aqui. Mas a gente chega a ser considerado privilegiado. Somos os primeiros de uma lista de espera com mais de 800 nomes", diz um aluno do 1º ano de exatas. Como seus colegas, ele está ali desde fevereiro, quando começaram as aulas. "A Coseas [Coordenadoria de Serviços e Assistência Social] prometeu que nos levará para o Crusp até Maio. Estamos com esperança de que o prazo seja cumprido."
O quarto das meninas estava semi-abandonado na sexta-feira. Oito estavam doentes em casas de amigos. Pegaram gripe forte por causa do vento que se insinua por entre as frestas do concreto da arquibancada. Os maiores buracos tinham arremedos de vedação com jornais.
O banho é tomado nos vestiários do estádio. "As meninas têm que tomar cuidado na hora do banho porque os guardas ficam olhando por uma janela quebrada", diz um diretor da AmorCrusp, a Associação de Moradores do Crusp.
Cada aluno tem direito a um armário --desses de clube-- para guardar tudo: roupas, sapatos, livros e até alimentos.
À 0h, todos os dias, apagam-se as luzes dos quartos. Como, no alojamento dos meninos, a maioria é de estudantes de exatas, muitos têm de gastar várias horas além do horário das luzes acesas resolvendo listas de exercícios. O jeito é levar uma mesa de plástico para um corredor do estádio onde não se apagam as lâmpadas.
A maioria dos hóspedes do alojamento provisório está colaborando com a invasão da reitoria, já que boa parte das reivindicações do movimento tem a ver com a vida de quem mora ou quer morar na universidade.
Ônibus circular e restaurante universitário funcionando todos os dias (e não só nos úteis) e mais 700 vagas na moradia são algumas das mais importantes.
Apesar do apoio, os hóspedes provisórios não querem aparecer publicamente como invasores, por temer retaliações.
Superlotação
O Crusp tem 1.400 vagas, distribuídas em sete prédios com média de 66 apartamentos cada. Das vagas, 990 são destinadas a alunos da graduação e 390 a de pós-graduação. As demais são voltadas a casos especiais, como deficientes.
O objeto de desejo dos estudantes do alojamento provisório são apartamentos de 36 metros quadrados, divididos em três quartos, uma sala de estudos e um banheiro com box de banho.
É difícil manter a proporção de três alunos por apartamento. Quase a totalidade das unidades têm pelo menos um quarto morador, que vive onde seria a sala de estudos. Mas há apartamentos superlotados, com até 11 moradores, sendo oito convidados dos três moradores oficiais.
Quando entra no Crusp, o aluno ganha o direito de ocupar a vaga pelo tempo da graduação --o prazo pode ser estendido se ele não conseguir se formar no período regular.
THOMAZ CHIAVERINI
in http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u300194.shtml
da Folha de S.Paulo