sexta-feira, maio 14, 2010

Uberaba Assistentes sociais têm data comemorativa neste sábado

13/05/2010 às 08:02
Assistentes sociais têm data comemorativa neste sábado

A ideia de que assistente social é somente aquele profissional que se preocupa em ajudar as pessoas a enfrentar questões delicadas da sociedade está totalmente equivocada. Do ponto de vista dos especialistas, o trabalho de assistência social consiste em garantir os direitos dos cidadãos, conquistados ao longo do tempo com a luta da classe trabalhadora. Como o Dia do Assistente Social, 15 de maio, está se aproximando, a equipe de reportagem do JORNAL DE UBERABA vai mostrar a importância deste trabalho.
Pela própria natureza da atividade, o assistente social enfrenta um dos lados mais cruéis da vida: o trabalho com a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids, em usuários de drogas, em um serviço que exige muita sensibilidade, o que os profissionais chamam de política da redução de danos. Segundo eles, é muito difícil conseguir retirar a droga da vida de um viciado, e, para ajudar de alguma maneira, se faz a opção pela redução de danos.
De acordo com a acadêmica em Serviço Social Lethícia Carvalho Silva, a profissão é pouco divulgada em Uberaba, porque não existe a preocupação de orientar as pessoas e, por isso, elas acabam confundindo o serviço social com assistencialismo ou caridade. "A assistência social é uma política bem diferente da profissão Serviço Social. O assistente social trabalha com a garantia dos direitos humanos dos cidadãos e com as desigualdades sociais geradas pelo capitalismo. É preciso analisar a situação de maneira ampla e totalitária para poder identificar a demanda que nos é posta e, a partir disso, apresentar soluções, orientando e posteriormente encaminhando o usuário para um programa em sua cidade que atenda à sua necessidade."
Ela ressalta que é fundamental esclarecer à comunidade a respeito do trabalho desempenhado pelos assistentes sociais, uma vez que muitos podem estar precisando e por preconceito ou, mesmo, desconhecimento ainda não buscaram os serviços, deixando de desfrutar de seus direitos.
Esses trabalhadores lidam diretamente com a questão da pobreza, uma vez que ela afeta a sociedade de um modo geral, e não apenas os desfavorecidos. Se há desemprego, a violência aumenta e o consumo diminui. "Mesmo quem trabalha em outra área, em alguma situação se vê na necessidade de ajudar alguém a resolver certo problema, acreditando estar fazendo o papel de assistente social", comenta Lethícia Carvalho.
Em Uberaba, este trabalho é feito pelo Núcleo de Assistência Social (NAS), que fica responsável pelo desenvolvimento do serviço em todo o município, e busca estar sempre atento a quem se encontra em situação de vulnerabilidade social, por meio de encaminhamentos ou na rede com outras entidades municipais, com o co-finaciamento do Estado e do Governo Federal, tendo suas ações sociais voltadas a atender os usuários embasados no Sistema Único de Assistência Social (Suas).
Para atender a baixa complexidade da comunidade uberabense, o Centro de Referência da Assistência Social (Cras) fica com a responsabilidade de dar a proteção social básica àqueles que estão em locais estratégicos da cidade, onde existe maior índice de vulnerabilidade e risco social e pessoal, prestando atendimento socioassistencial disponível na rede de proteção municipal, utilizando as políticas existentes e melhorando assim a condição das famílias. Hoje existem em Uberaba vários programas e serviços direcionados a atender à população, isso devido às exigências que foram surgindo ao longo dos anos, que são direitos conquistados pelas lutas sociais. (RV)

Dia 15 de Maio Assistentes Sociais em Luta




No dia 15 de maio é comemorado o Dia do Assistente Social, por conta disso as assistentes sociais em Sergipe realizaram uma manifestação na manhã desta quinta-feira, 13, em frente à Assembléia Legislativa. Elas reivindicam o aumento do piso nacional para R$ 3720 e a diminuição da carga horária de trabalho de 40 para 30 horas semanais.

De acordo com a presidente do conselho Regional de Serviço Social, Lizandra Vieira, o projeto do piso nacional está em tramitação na Câmara dos Deputados. “Hoje a categoria trabalha entre 30 e 40 horas por semana e o salário varia entre R$ 1200 e R$ 1500 aqui em Sergipe. Nós queremos que as condições sejam melhoradas”, disse.

Em Sergipe, existem cerca de 1200 assistentes sociais registradas no conselho Regional. Segundo Lizandra, é importante que a sociedade reconheça a importância do trabalho dos Assistentes. “A nossa profissão vem trabalhando pelo bem do usuário e nada melhor do que nós reivindicarmos a melhoria na qualidade do nosso trabalho para melhor servir aos que necessitam”, falou.
Amanhã durante todo o dia serão realizadas discussões entre a categoria no auditório da OAB em comemoração à semana dos Assistentes Sociais. No período da manhã será realizada a palestra com o tema da semana ‘Trabalho com direitos pelo fim da desigualdade’, com a palestrante Elaine Bering, professora da UERJ, além disso, haverá debates com coordenadores dos cursos de Serviço Social do Estado.

No período da tarde, a professora doutora do curso de Serviço Social da URFJ, Yolanda Guerra, falará sobre a formação profissional e inovação no espaço ocupacional. Na segunda-feira, 17, haverá uma sessão especial na Assembléia dos Deputados em homenagem ao dia nacional das Assistentes Sociais.

Por Bruno Antunes

http://www.infonet.com.br/cidade/ler.asp?id=98435&titulo=cidade

segunda-feira, maio 10, 2010

Assistente Social e Cooperante Em Bissau Africa


Estimado Professor
(....)
Estou neste momento em Bissaú, onde vim passar alguns dias de descanso. Depois de ter feito a ronda do mes, Ilha das Galinhas, Bolama e por fim Sao Joao, chegar a Bissaú é como chegar a um pais de primeiro mundo. Significa ter acesso a um conjunto de pequenas coisas das quais sinto verdadeiramente falta, ver pessoas diferentes, comer comida que nao seja apenas arroz e peixe, tomar um café e ver movimento.

Ontem, viveu-se um ambiente de grande ansiedade em Bissaú envolto numa atmosfera de falsa calma e sossego. Sai cedo do hotel porque queria ir á Embaixada do Brasil, onde pretendia tratar de alguns assuntos. Fui a pé até Benfica, uma das avenidas principais de Bissaú onde notei que havia uma grande movimentacao de carros, para ser honesta nao dei muita atencao porque uma das caracteristicas das cidades africanas é essa mesma a de uma agitacao constante de carros que partem em todas as direccoes sem qualquer norma de seguranca, pessoas que vao e vem, tudo envolto numa nuvem de calor, fumo e barulho. Quando estava á espera a Diana liga-me um pouco assustada a perguntar onde é que eu estava e sem explicar nada disse simplesmente “vem imediatamente para o Hotel, o primeiro ministro vai ser morto”. Percorri todo o caminho de volta a pé e de repente dei com as ruas cheias de pessoas, uma massa humana avancava contra mim e nao percebi muito bem para onde se dirigiam. Quando cheguei ao centro da cidade vi as lojas a fecharem as portas, as pessoas a correrem, carros das Nacoes Unidas a passarem de um lado para o outro e comecei a ver militares na rua. Quando cheguei ao hotel comecei a ouvir conversas que tinham havido tiros na sede das Nacoes Unidas que fica á frente do hotel depois de um descampado. Percebi que as coisas nao estavam famosas quando o Filipe que trabalha no Marques de Vale Flor me telefona a perguntar se estou em seguranca e para nao sair de casa e quando o Diogo, que já está em Bissaú há 7 anos, nos disse para irmos imediatamente para a pensao da Dona Berta e nao sairmos de lá.

A pensao da Dona Berta fica perto do Hotel onde estamos, as ruas já estavam desertas quando fomos. Ao chegar á pensao nao pude deixar de pensar que estava a viver um filme, uma daquelas realidades que pensamos que nunca vamos viver. A pensao da Dona Berta é um lugar muito especial aqui em Bissaú, existe mesmo uma Dona Berta, uma Cabo Verdiana que trocou Cabo Verde e Lisboa para viver em Bissaú. Uma senhora já com alguma idade que tem um sorriso terno e meigo. Mal entramos abriu-nos um largo sorriso e nos convidou a almocar. Quando entrei na sala, grande e fresca devido a uma varanda enorme com vista para uma larga rua que vai até ao Palácio, a sala é decorada com fotos onde podemos ver a Dona Berta com a Amália Rodrigues, com o Papa Joao Paulo II e o Presidente da República. A sala estava com vários portugueses agarrados aos telemóveis, foi nesse momento que percebemos que as noticias já tinham chegado a Lisboa. Felizmente tive o bom senso de ligar a minha irma a pedir para avisar a minha avó e dizer que estava tudo bem. O rádio ligado onde ouviamos o chefe do Estado Maior a dizer que se houvesse mais manifestacoes nas ruas iam abrir fogo sobre a populacao e a avisar que a partir das 17h havia ordem de recolher obrigatório, quem fosse apanhado nas ruas era morto. O estado de sitio estava dado e nao podiamos fazer nada, apenas esperar, esperar e deixar o pais entregue ao seu povo e ao seu poder.

Como sempre a Embaixada Portuguesa esteve no seu melhor esquecendo-se de avisar algumas ONG’s portuguesas da possibilidade de um Golpe de Estado, isto quando a Embaixada Espanhola antes de isto tudo acontecer ja estava a evacuar para casa todos os expatriados espanhois que estao em Bissaú.

Depois do almoco e de ouvirmos as noticias voltamos para o Hotel onde ficamos até termos ordem de saida, que aconteceu por volta das 19h da noite.

A verdade é que nao sei o que é viver num pais onde de um momento para o outro a minha seguranca, a minha vida pode estar em risco e toda a estabilidade que foi conquistada é posta em causa sem que eu possa ter voz sobre isso. Há um ano atrás o Presidente deste pais foi morto de uma forma violenta, quem nao se lembra das noticias que nos deixaram chocados. Aliás a Guiné – Bissaú a nivel internacional está no mesmo escalao de seguranca que o Iraque, só para verem a ideia que a comunidade Internacional tem deste pais (da qual nao partilho).

A verdade é que nao sabemos o que é ter a nossa vida ameacada. Os militares, sobretudo de etnia Balanta, sao conhecidos pela sua crueldade e capacidade de assinar sem piedade, abrem simplesmente fogo sem olhar a meios.



Hoje quando sai á rua encontrei o Senhor Marcelino um professor do Instituto Gamoes que trabalha em Bolama que mal me viu me disse “Ines temos de voltar para a nossa terra lá estamos em seguranca”, compreenda-se que nossa terra significa Bolama, já sou uma bolamense.

Tivemos de ir a uma rua ao pé da Presidencia e quando tentamos apanhar um taxi achamos estranho que nenhum táxi parou independentemente de estar vazio ou com poucas pessoas. Aqui andar de taxi é como andar num Toca – Toca (Transporte público) paga - se á cabeca e vai enchendo de acordo com o destino final do táxi. Quando desciamos a rua uma rapariga nos explicou que nenhum táxi iria parar porque estamos ao pé da Presidencia, depois disse que o povo estava cansado ao qual respondi que tinha ficado orgulhosa do povo guineense que tinha saido á rua, mostrou que tem voz e coragem ao qual ela respondeu “estamos cansados de ser um dos paises mais pobres do mundo, fartos de nao termos acesso a educacao, fartos de termos doencas, fartos de nao termos escolha, os politicos só querem dinheiro e poder e nós onde ficamos nisto”. Vivem uma vida de inseguranca e instabilidade.

Muitos de voces me perguntaram que trabalho estou a fazer na AMI. Pois bem o meu trabalho é fazer um reconhecimento/mapeamento da regiao sanitária de Bolama. Concretamente é conhecer o estado da educacao, saúde e condicoes de vida de todas as comunidades onde AMI trabalha. Eu percorro as comunidades, falo com as pessoas e apercebo-me que as pessoas nao tem escolha. A sua vida centra-se numa luta constante pela sobrevivencia que se pode traduzir pela luta diária de ter comida no prato nem que seja uma mao cheia de arroz e pela própria vida. Isto muda completamente o modo de viver e perceber a vida. A nós brancos, europeus faz-nos confusao como eles vivem a morte, mas o que dizer sobre isto quando uma mulher nos apresenta um boletim de vacinas dos filhos e numa das colunas o número de filhos mortos pode ser uma proporcao de 5 filhos vivos para 3 mortos?

As vezes estas coisas deixam-me pensativas e ainda mais quando o meu trabalho cria expectativas nas pessoas, eles sabem que o objectivo deste trabalho é conhecer a realidade para podermos elaborar mais projectos de intervencao comunitária, por isso muitas pessoas vem ter comigo a pedir ajuda. E acreditem que me parte o coracao quando vejo pessoas com capacidades e competencias que podiam ser desenvolvidas e nao sao porque simplesmente nao há escolha.

A par destes acontecimentos há momentos mágicos e pessoas que fazem a diferenca. Há algo de mágico nesta terra, as suas pessoas apesar do descontentamento, da miséria há sempre um prato de arroz que me é servido mesmo que haja pouco, há sempre uma crianca que sabe o meu nome e corre para mim quando me ve na rua, há sempre um sorriso que é oferecido com ternura, há sempre um bebe que nasce com boa saúde.

Neste mes tenho diversificado o meu trabalho o que tem sido bom. Fiz umas accoes de formacao aos jovens e participei no programa de rádio que foi uma verdadeira cena do “Gato Fedorento” ao vivo e a cores. Demorei cerca de 3 dias para conseguir ter as condicoes favoráveis para a realizacao do programa depois de muita negociacao e uma grande dose de paciencia. Dei formacao ás matronas (parteiras tradicionais) e adorei. Há mulheres lindas nesta terra. Mulheres de sorrisos ternos, de fé forte e corajosas. Numa dessas formacoes conheci a Tia Cady que é uma mulher que nos passa uma serenidade e calma. Uma mulher de 74 anos que ainda ajuda as mulheres da comunidade a terem filhos, a sua experiencia, a sua sabedoria deixaram-me encantada.

Conheci a Teresa, a responsável pela Horta de Cassucai, uma das curandeiras mais conhecidas de Bolama que recebe o espirito do Iran. O Iran é uma identidade que tanto pode ser bom ou mau que faz trabalhos para as pessoas e fala uma lingua que poucos conhecem. A Teresa convidou-me para ir a uma cerimonia, estou ansiosa por ir ;)

Recentemente um dos meus passatempos preferidos tem sido ir ao Futebol. Vou com o Sérgio e o Bruno (enfermeiro e médico) e confesso que nunca me diverti tanto a ver futebol como aqui. Ao pé do Mercado de Cajú, o “grande” mercado de Bolama existe uma sala que tem antena e apanha alguns canais de televisao. Sempre que há jogos do Benfica a sala enche-se de homens (sou literalmente a única mulher que vai ver jogos de futebol, nao é de admirar que já seja uma pessoa famosa entre os benfiquistas), é um delirio. Imaginem uma sala meia escura com duas televisoes, cheia de pessoas o que inevitávelmente se traduz num calor insuportável, rádios sintonizados no jogo porque os relatos na televisao sao em frances e a par disso há todo um comentar dos jogos na sala. Voces nao imaginam o histerismo que é cada vez que o benfica marca um colo, é LINDO.

Assim me despeco na esperanca que esta calma que se vive hoje nao seja apenas uma camada de verniz pronta a estalar a qualque momento, mas sim que haja um esforco de todos para a reconstrucao de um novo pais, ele merece isso.


Peco desculpa pelos erros, o meu computador é ingles e nao tem correccao em portugues e nem acentos.

Obrigada,

Um abraco

Ines Ribeiro

domingo, maio 09, 2010