CPIHTS
15 anos de Investigação activa (1)
Exmos. Senhores,
Em nome do Centro Português de Investigação em Historia e Trabalho Social gostaria de agradecer à Directora do curso e a toda a equipa organizadora deste evento científico, o amável convite que nos foi dirigido pelo ISM para comparecer neste Seminário Internacional Euro-Brasileiro de Serviço Social, inserido nas comemorações dos 70 Anos do Instituto Superior Miguel Torga.
1.- Ao iniciar a comunicação gostaria de evocar o nome do médico e activista, Dr. António Melic Cerveira, falecido recentemente nesta cidade de Coimbra, que se distinguiu em vida pelo seu trabalho na saúde comunitária e mental, no género, na oftalmologia e na defesa do património científico, ecológico e cultural. Muito terá beneficiado a comunidade de Coimbra, de Lisboa e de Alcácer do Sal e, em particular, o CPIHTS, pela sua acção generosa e meritória.
O Centro Português de Investigação em História e Trabalho Social (cpihts) é uma instituição que encontra a sua génese na década de Oitenta e que consolidou o seu estatuto de associação científica e de centro de investigação de Serviço Social na década de 90.
Fundada por assistentes sociais foi integrando investigadores nacionais e internacionais de varias áreas das Ciências Humanas e estabelecendo protocolos de colaboração com diversos instituições congéneres do categoria. Tendo como objecto central o Serviço Sócia! e os problemas sociais, tem sabido privilegiar algumas linhas de actuação que se revelaram e concretizaram de forma profícua, provocando um efeito multiplicador, pela sua seriedade cientifica.
Assinalamos no presente ano, o início das comemorações dos seus quinze anos de trabalho de investigação a partir da publicação do livro Corpo, -Sexualidade e Violência Sexual, -Análise e Intervenção Social, da nossa colaboradora, a Prof. Doutora em Serviço Social Marlene Braz Rodrigues, editado em parceria internacional com centros de investigação do Brasil e dos Estados Unidos e com o patrocínio da APSS
Confirma o nosso cominho a inclusão dos nossos trabalhos nos currículos de graduações e pós-graduações bem como nos concursos de promoção em Portugal como no estrangeiro.
2. A Actividade de Investigação e o Futuro
Falar do panorama, actual da investigação em Serviço Social pode ser promissor em termos prospectivos.
Nos últimos anos verificamos
* A qualificação académica em Serviço Social à luz dos planos curriculares das licenciaturas de 4 e cinco anos que integraram pela primeira vez a investigação em Serviço Social, fornecendo as bases fundamentais para a aprendizagem das metodologias, a pesquisa e o treino nesta área.
* A organização de cursos de pós-graduação em Serviço Social (mestrado e doutoramento) e também os cursos de especializações em áreas chaves da prática profissional,
* A organização de núcleos e centros de investigação, formados para a reflexão, intervenção social e vida académica, podem constituir a aquisição e o reforço desta dimensão na categoria profissional o treino e a produção de cientistas em Serviço Social
* A publicação de ensaios, teses, artigos, recensões e comunicações, apesar de condicionalismos económicos e logísticos, começaram a ser mais numerosos e alguns esgotados, a espera de segundas edições.
* Multiplicaram-se os eventos de formação contínua, as reflexões e os debates entre estudantes e académicos da categoria, embora poucos destes espaços terão consolidado a sua organização
3.- No entanto algumas reservas devem ser colocadas sobre este assunto a saber:
3.1.- Os presentes planos curriculares à luz de Bolonha (escolas com 3 e 3 anos e médio) dão garantias precárias da afirmação da tendência anterior: licenciados em Serviço Social aptos para a intervenção social, dominadores da teoria do Serviço Social e das Ciências Sociais; preparados para a intervenção e a investigação social.
Só a continuação de pós-graduações na nossa área podem colmatar estas deficiências. O que traz um encarecimento monetário significativo para a formação em Serviço Social apesar de Bolonha ter diminuído consideravelmente as cargas horárias acompanhada da insuficiência no ensino. Os custos dos cursos não diminuíram.
3.2.- A colocação desigual no mercado de trabalho.
Existe de facto um desfasamento entre estas duas gerações de Assistentes Sociais que se colocam no mercado com conhecimentos diferenciados. Para não falar de casos isolados de assistentes sociais que vieram de regresso, fruto do processo de descolonização nos anos 70 e mais tardiamente dos últimos territórios portugueses na Ásia.
Convêm reter este dado histórico: nos anos 80/90 os assistentes sociais que não reuniam requisitos curriculares, porque frequentaram cursos de auxiliares sociais ou outros para efeitos de carreira (para serem integrados na carreira técnica e posteriormente na técnica superior de serviço social) foram obrigados a frequentar cursos nos próprios institutos existentes em Lisboa, Coimbra e Porto.
Em suma, milhares de profissionais de Serviço Social são colocados no mercado de trabalho, cujas normas são alteradas consecutivamente, provocando desigualdades que só se explicam pelas mudanças cíclicas do próprio desenvolvimento deste.
continua...