quinta-feira, maio 20, 2010

Passarinhos de Portugal Corações Generosos Abelardo e Heloisa

Abelardo e Heloísa - Uma História de Amor
O romance entre Heloísa e o filósofo Pedro Abelardo iniciou-se em Paris, no período entre o final da Idade Média e o início da Renascença.

Abelardo havia sido recentemente pela Escola Catedral de Notre Dame, tornando-se, em pouco tempo, muito conhecido por admirar os filósofos não-cristãos, numa época de forte poder da Igreja Católica.

Heloísa, que já ouvira falar sobre Abelardo e se interessava por suas teorias polêmicas, tentou aproximar-se dele através de seus professores, mas suas tentativas foram em vão.

Numa tarde Heloísa saiu para passear com sua criada Sibyle, e aproximou-se de um grupo de estudantes reunidos em torno de alguém. Seu chapéu foi levado pelo vento, indo parar justamente nos pés do jovem que era o centro da atenções, o mestre Abelardo. Ao escutar seu nome, o coração de Heloísa disparou. Ele apanhou o chapéu, e quando Heloísa aproximou-se para pegá-lo, ele logo a reconheceu como Heloísa de Notre Dame, convidando-a para juntar-se ao grupo. Risos jocosos foram ouvidos, mas cessaram imediatamente quando o olhar dos dois posaram um sobre o outro. Heloísa recolocou seu chapéu, fez uma reverência a Abelardo e se retirou.

Desde esse encontro, porém, Heloísa não consegui mais esquecer Abelardo. Fingiu estar doente, dispensou seus antigos professores e passou a interessar-se pelas obras de Platão e Ovídio, pelo Cântico dos Cânticos, pela alquimia e pelo estudo dos filtros, essências e ervas. Ela sabia que Abelardo seria atraído por suas atividades e viria até elas. Quando ficou sabendo dos estudos de Heloísa, conforme previsto por ela Abelardo imediatamente a procurou.

Abelardo tornou-se amigo de Fulbert de Notre Dame, tio e tutor de Heloísa que logo o aceitou como o mais novo professor de sua sobrinha, hospedando-o em sua casa, em troca das aulas noturnas que ele lhe daria. Em pouco tempo essas aulas passaram a ser ansiosamente aguardadas e, sem demora, contando com a confiança de Fulbert, passaram a ficar a sós. Fulbert ia dormir, e a criada retirava-se discretamente para o quarto ao lado.

Em alguns meses, conheciam-se muito bem, e só tinham paz quando estavam juntos. Um dia Abelardo tirou o cinto que prendi a túnica de Heloísa e os dois se amaram apaixonadamente. A partir desse momento Abelardo passou a se desinteressar-se de tudo, só pensando em Heloísa, descuidando-se de suas obrigações como professor.

Os problemas começaram a surgir. Primeiro, esse amor começou a esbarrar nos conceitos da época, quando os intelectuais, como Heloísa e Abelardo, racionalizavam o amor, acreditando que os impulsos sensuais deveriam ser reprimidos pelo intelecto. Não havia lugar para o desejo, que era um componente muito forte no relacionamento dos dois, originando um intenso conflitos para ambos. Ao mesmo tempo Sibyle, a criada, adoecera, e uma outra serva que a substituíra encontrou uma carta de Abelardo dirigida a Heloísa, e a entregou a Fulbert, que imediatamente o expulsou. No entanto isso não foi suficiente para separá-lo.

Heloísa preparou poções para seu tio dormir e, com a ajuda da criada Sibyle, Abelardo foi conduzido ao porão, local que passou a ser o ponto de encontro dos dois.

Uma noite, porém, alertado por outra criada, Fulbert acabou por descobri-los. Heloísa foi espancada, e a casa passou a ser cuidadosamente vigiada. Mesmo assim o amor de Abelardo e Heloísa não diminuiu, e eles passaram a se encontrar onde pudessem, em sacristias, confessionários e catedrais, os únicos lugares que Heloísa podia freqüentar sem acompanhantes a seu lado.

Heloísa acabou engravidando, e para evitar aquele escândalo, Abelardo levou-a à aldeia de Pallet, situada no interior da França. Ali, Abelardo deixou Heloísa aos cuidados de sua irmã e voltou a Paris, mas não agüentou a solidão que sentia, longe de sua amada, e resolveu falar com Fulbert, para pedir seu perdão e a mão de Heloísa em casamento.

Surpreendentemente, Fulbert o perdoou e concordou com o casamento.

Ao receber as boas novas, Heloísa, deixando a criança com a irmã de Abelardo, voltou a Paris, sentindo, no entanto, um prenúncio de tragédia. Casaram-se no meio da noite, às pressas, numa pequena ala da Catedral de Notre Dame, sem nem trocar alianças ou um beijo diante do sacerdote.

O sigilo do casamento não durou muito, e logo começaram a zombar de Heloísa e da educação que Fulbert dera a ela. Ofendido, Fulbert resolveu dar um fim àquilo tudo. Contratou dois carrascos e pagou-os para invadirem o quarto de Abelardo durante a noite e arrancar-lhe o membro viril.

Após essa tragédia, Alberto e Heloísa jamais voltaram a se falar.

Ela ingressou no convento de Santa Maria de Argenteul, em profundo estado de depressão, só retornando à vida aos poucos, conforme as notícias de melhora de seu amado iam surgindo. Para tentar amenizar a dor que sentiam pela falta um do outro, ambos passaram a dedicar-se exclusivamente ao trabalho.

Abelardo construiu uma escola-mosteiro ao lado da escola-convento de Heloísa. Viam-se diariamente, mas não se falavam nunca. Apenas trocavam cartas apaixonadas.

Abelardo morreu em 142, com 63 anos, Heloísa ergueu um grande sepulcro em sua homenagem, e faleceu algum tempo depois, sendo, por iniciativa de suas alunas, sepultada ao lado de Abelardo.

Conta-se que, ao abrirem a sepultura de Abelardo, para ali depositarem Heloísa, encontraram seu corpo ainda intacto e de braços abertos, como se estivesse aguardando a chegada de Heloísa.

Serviço Social Aprendendo na Aula Magistral de Marilena Chauí

Serviço Social e Politica Universitária vista por Marilena Chauí

O Serviço Social e O Tributo Solidário em Portugal

quarta-feira, maio 19, 2010

Waris Dirie e a Mutilação Genital Feminina


Ex-modelo internacional, a somali Waris Dirie alerta sobre a Mutilação Genital Feminina - prática comum em vários países africanos, além de parte do Oriente e da Europa - em que meninas são cortadas como pré-requisito para arrumarem casamento. A ideia absurda é de que, com a mutilação, seus desejos sexuais fiquem reduzidos, assim como a possibilidade de adultério. Tudo em nome da falsa segurança machista em relação à fidelidade da esposa e à castidade da noiva.
Ela é uma mulher negra que venceu na vida como profissional em uma carreira pra lá de disputada. Ex-modelo internacional de muito prestígio, Waris Dirie, porém, traz uma certa tristeza no olhar, tristeza essa atrelada ao seu país de origem, a Somália, ao seu povo e costumes. Aos cinco anos de idade, ela e duas irmãs (que não sobreviveram) foram submetidas a umas das maiores crueldades ainda praticadas em vários lugares do mundo em nome das tradições e crenças dos ancestrais: a Mutilação Genital Feminina, remoção ou costura dos lábios vaginais ou clitóris para a diminuição do prazer sexual.

Muitos povos consideram a circuncisão feminina como um ato para manter a 'pureza' de uma jovem até o casamento. Muitos homens recusam-se a casar com uma mulher que não tenha passado pelo "ritual", podendo alegar que a mesma é impura para o matrimonio ou até mesmo mais propensa a traí-lo. Para piorar a situação, tais 'operações' são feitas sem a menor condição de higiene, com objetos cortantes como facas, pedaços de vidros, lâminas, troncos de árvores e espinhos que, muitas vezes, são feitas sem a menor condição de higiene, com objetos cortantes como facas, pedaços de vidros, lâminas, troncos de árvores e espinhos que, muitas vezes, são usados em várias meninas diferentes (com idades entre 3 a 15 anos ) sem nenhuma esterilização. As consequências são infecções graves que, se não levam à morte, provocam danos à saúde e levam a mulher à infertilidade, sem contar o dano psicológico. "Muitas dessas mulheres fazem tratamento psicológico pelo resto da vida", afirmou Waris, em recente visita ao Brasil


Modelo de luta

Nascida em 1965, na Somália, Waris Dirie teve uma trajetória atribulada: aos cinco anos, passou pela estúpida mutilação; aos treze, foi obrigada pelo pai a se casar com um homem de 60 anos. A então menina, com a ideia de liberdade correndo nas veias, fugiu. Cruzou a pé o deserto da Somália, enfrentando animais selvagens e areias escaldantes por 500 quilômetros até chegar à capital, Mogadíscio. Voltar para casa ela não poderia, pois na certa seria punida e escravizada pelo próprio pai. Saiu do país em busca de alguma oportunidade de sustento e, principalmente, para gritar ao mundo mais tarde a crueldade que acontecia naturalmente na Somália. Em uma dessas oportunidades, foi descoberta por um fotógrafo inglês quando trabalhava em uma rede de lanchonetes.

Ela tinha 18 anos. A partir daí, sucessso, fama e dinheiro passaram a fazer parte da vida de Waris. "Mas posso te contar um segredo? Por tudo que vivi e sofri, não pense que eu gosto de ficar em hotéis 5 estrelas. Sou de família simples e gosto de gente, de me comunicar, de ser realmente livre", diz a ex-modelo, hoje embaixadora da ONU para o combate à mutilação genital feminina e fundadora da ONG Waris Dirie Foundation que, desde 2002, luta para erradicar de vez essa prática do mundo. "Fico feliz em saber que com os trabalhos de divulgação e alerta, 16 países na África já aprovaram a proibição desse costume", comemora. Autora de vários livros, sua biografia, Flor do Deserto ganhou as telonas. Lançado na Alemanha no final de 2009, o filme deve chegar aos cinemas brasileiros no primeiro semestre de 2011.

Em nome do pai

Estima-se que 140 milhões de mulheres tenham sido submetidas à Mutilação Genital Feminina em várias partes do mundo, tudo em nome da "tradição". A África lidera esse triste ranking. No continente negro mais de 20 países usam dessa prática para limitar o prazer feminino. Mas essa prática sem sentido não é feita apenas em nome de crenças, como conta Waris Dirie:

Pelas muitas frentes de combate, a Mutilação Genital Feminina é uma prática condenada em todo o mundo. Mas por que tal brutalidade ainda é tão praticada?
Uma das razões é que virou uma forma de comércio. Os pais vendem suas filhas em troca de dinheiro. É ele, na maioria das vezes, que ordena que sua menina seja mutilada. Elas são trocadas por dinheiro ou qualquer outra coisa do interesse paterno.

O problema, então, vai além do fator cultural?
Sim, a pobreza faz com que ele aconteça. É um problema terrível e acredito que se nos livrarmos da pobreza, da miséria, nos livramos também da Mutilação Genital Feminina.

Depois que você saiu da Somália e se tornou uma top model de sucesso, qual o seu grande objetivo?
Eu quero poder dormir e acordar livre para voar, sinto que estou só começando a luta. Quero poder abrir os olhos e ver homens, mulheres e crianças sendo respeitadas pelo que são e pelo que buscam. Descobri que faço parte do coro de mulheres que dizem NÃO quando o assunto é a violência.

Acredita que está conseguindo?
Estou aqui para falar da minha dor e do meu sofrimento, mas também para falar do resultado. Muitos acreditam que a mulitilação é certa, principalmente mães e avós. Elas acreditam que se suas lhas não forem cortadas nunca arranjarão um marido. É um absurdo! Não podemos permitir que tais costumes venham aterrorizar as nossas lhas. Percebo que meu sofrimento mudou a minha família, o meu bairro está mudando, consequentemente, o meu país, a Somália. O mundo em que vivemos também mudará. Eu tendo a oportunidade de dizer não à violência, eu direi, em qualquer lugar, em qualquer idioma. E quando não mais conseguir falar vou mostrar. Estou dando a minha parcela para tais mudanças.


Por Natanael Joaquim
Fotos Rafael Cusato e Shutterstock
Raça Brasil

CPIHTS PUBLICA TESE DE DOUTORAMENTO MARIA JOSE QUEIROS


Tese de Maria José Queiros Publicada na pagina do CPIHTS

na Revista Estudos & Documentos

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