Aos Exmos. Senhores Professores
Ernesto Fernandes, Bernardo Alfredo Henriques, Maria José Queirós, Marlene Lourenço e ...
Assunto: Situação interna do ISSSL
Exmos. Professores,Vimos por este meio comunicar o nosso desagrado e preocupação, enquanto alunos do ISSSL, face a algumas atitudes dos senhores relativamente à actual situação do nosso Instituto, fundamentando esta posição em documentos escritos por vós e tornados públicos, em documentos publicados no Diário Económico, cujo conteúdo era totalmente falso, e baseado em “conversas de corredor” que não passam despercebidas aos alunos.
Sendo praticamente todos vós professores desta casa há muitos anos, e tendo o “amor” ao Serviço Social e ao ISSSL que Vossas Excelências afirmam, publicamente, ter, foi com grande surpresa que recebemos a informação de que os senhores, em Assembleia Geral de Cooperadores, realizada a 3 de Maio de 2006, se manifestaram contra a proposta da Direcção do ISSSL e da CESDET, que transfere para a Fundação Minerva a titularidade da autorização de funcionamento dos cursos leccionados no ISSSL e no ISSSB.
Apesar de todos nós termos o direito de expressar a nossa vontade e opinião, estamos certos de que isso não deveria implicar no bom funcionamento interno do Instituto (que não é o que se verifica) e muito menos deveria ter influência no bom aproveitamento académico dos alunos desta casa, ainda mais no período em que decorre, período de avaliação caracterizado por uma forte tensão nos alunos devido ao excesso de trabalho. Relativamente à questão da transferência para a Universidade Lusíada, e sem tomarmos partido de ninguém, acreditamos que é a melhor solução para o ISSS neste momento, tendo em conta a continuidade do ISSSL e todos os seus precedentes históricos, bem como a continuidade da maioria dos docentes e, mais importante ainda, a continuidade da formação qualificada em Serviço Social inerente a esta casa, da qual tanto nos orgulhamos, não colocando em causa o futuro da formação académica dos alunos.
Concordamos quando é dito que merecemos fazer parte do Ensino Público, tendo em conta a função social dos Assistentes Sociais (nossa futura profissão, assim o esperamos) e tendo em conta a historicidade desta instituição.
No entanto, colocam-se algumas questões quanto a esta possível integração:O ISCTE tentou, de todas as formas possíveis, integrar o ISSSL ou o nosso curso de Serviço Social (integrando alunos, funcionários e docentes) na sua instituição, sendo o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior a negar esta possibilidade tendo em conta o Orçamento de Estado e as despesas que a integração traria e tendo também em conta que existem outras instituições do Ensino Privado que estão na mesma situação do ISSSL, não podendo, de forma alguma, serem todas elas “salvas” pela integração no Ensino Público.
Tal como o ISCTE, a Universidade Nova de Lisboa faz parte do Ensino Público, encontrando-se igualmente sob a tutela do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; isto leva-nos a crer que a resposta que o Ministro deu à Direcção do ISCTE seria a mesma resposta que iria dar ao Reitor da Universidade Nova de Lisboa.
A vontade manifestada publicamente por Vossas Excelências de transferir o ISSSL para a Universidade Nova de Lisboa, levanta outras questões ainda mais pertinentes:
- A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova está à beira da falência e sabemos bem que o curso de Serviço Social não iria tornar reversível esta tendência financeira (colocando de novo em causa a formação académica dos alunos)
- O curso superior de Serviço Social iria ser inserido no Departamento de Sociologia da UNL, portanto onde ficaria a autonomia do Serviço Social, tão defendida por vós?- Iriam ser transferidos cinco docentes e um funcionário do ISSSL para a UNL, portanto onde estariam os direitos dos trabalhadores do Instituto?
- O nome “Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa” perder-se-ia para sempre, portanto qual historicidade?
Ora, tendo em conta esta panóplia de implicações negativas, perguntamo-nos porquê ainda andar a colocar “notícias” no “ar” sobre possível integração na UNL, sobre possível suspensão do protocolo entre o ISSS e a Fundação Minerva, entre outros que sabemos serem do conhecimento dos senhores professores. Como é óbvio, estas “notícias” e boatos, cujo conteúdo coloca em causa o futuro desta instituição e da formação académica dos seus alunos, têm deixado os alunos inseguros e bastante preocupados com a estabilidade e garantia da sua formação profissional (assegurada pela integração na Universidade Lusíada!).
Só para os Exmos. Professores terem uma ideia da insegurança vivida entre os alunos, a última notícia que deu conta da Providência Cautelar levada a cabo por vós, noticia esta chegada aos alunos na 2ª feira, dia 22 de Maio de 2006, deixou muitos dos estudantes do ISSSL nervosos, preocupados e houve até quem não conseguisse impedir as lágrimas perante esta acção entregue ao Tribunal de Comércio de Lisboa que coloca de novo em causa o nosso futuro e o futuro desta casa.
Pensamos que, se os Senhores tinham uma outra proposta para o futuro do ISSSL e de todos os seus alunos, docentes e funcionários, poderiam tê-la apresentado na Assembleia Geral de Cooperadores, tal como foi apresentada a outra proposta relativa à integração na Universidade Lusíada; se não o fizeram, não o deveriam fazer agora, neste preciso momento, em que não se olham a meios para atingir os fins, agora que o ISSSL encontrou um futuro e uma possibilidade de continuar a sua história, com dignidade e com qualidade académica.
Os actos de Vossas Excelências estão a provocar polémica e a “sujar” o nome desta casa, estão a colocar em causa tudo o que o Senhores Professores afirmam ter construído até agora e, mais importante ainda, estão a colocar em causa o bom aproveitamento académico dos alunos, sendo que é impossível passar uma tarde a fazer um trabalho sem se perder, pelo menos, 50% do tempo a discutir estas questões, e o futuro profissional dos 800 alunos que se encontram a fazer a sua licenciatura. Temos perfeita consciência (e medo) de que, se por algum motivo, não existir integração na Universidade Lusíada, o ISSSL terá que abrir falência, o que implicará que os docentes e funcionários sejam despedidos sem poderem ser indemnizados e que os alunos sejam integrados em cursos superiores públicos, sejam eles quais forem se se esgotarem as vagas nos cursos públicos de Serviço Social, pois o Estado tem apenas o dever de garantir a nossa formação superior, não referindo a lei se é ou não na mesma formação ou até no mesmo ano curricular.Por último, mas não menos importante, os Exmos. Professores afirmam que se estão mobilizar pelos direitos dos trabalhadores, que estão em causa… Pois nós, alunos signatários deste pedido, pensamos que o mais importante e a prioridade de TODOS deverá ser o futuro dos 800 alunos do ISSSL e não o futuro de alguns docentes, que, na sua maioria, já têm a carreira construída e a chegar ao fim…
Caros Professores, pedimos assim que reflictam sobre o que está escrito nesta carta e que pensem nos alunos da “nossa” casa, no seu futuro como estudantes e no seu futuro como profissionais qualificados, como Assistentes Sociais competentes que aqui nos ensinam a ser…Permitam-nos um pouco de paz, segurança e estabilidade e permitam-nos continuar a ter inscrito no nosso Diploma de final de curso “Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa”. Certos da sensibilidade e bom senso de Vossas Excelências, os nossos cumprimentos académicos
Lisboa, 22 de Maio de 2006
Os alunos subscritores
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