Comunidade Cigana Celebra hoje o seu Dia Nacional
Nos últimos anos, a Feira Popular, o Parque Eduardo VII ou o Pavilhão Rosa Mota foram alguns dos locais lisboetas que acolheram os arraiais romanis.
«Este ano, a câmara de Lisboa não promoveu nenhum evento», por isso as festas deverão surgir espontaneamente um pouco por todo o país, segundo o director da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos (ONPC), Francisco Monteiro.
Segundo o antropólogo José Gabriel Pereira Bastos, director do Centro de Estudos de Migrações e Minorias Étnicas (CEMME), da Universidade Nova de Lisboa, «os ciganos portugueses permanecem como a mais grave e escandalosa de todas as situações de racismo e xenofobia registadas em Portugal».
Se no século XVI os monarcas lhes retiravam direitos como os de viver nos bairros, sob pena de serem presos, «açoutados» e enviados para as galés, hoje os ciganos continuam a não ser bem-vindos em algumas zonas do país.
Prova disso é o resultado de um inquérito nacional realizado recentemente que perguntava a estudantes «quem expulsariam de Portugal?». Trinta e quatro por cento dos jovens escolheram aquela minoria como a menos desejada, recorda Pereira Bastos.
Francisco Monteiro acredita que se a população conhecer a cultura romani a situação poderá melhorar e, por isso, o lema da ONPC para celebrar o Dia Nacional do Cigano é «Conhecer para interagir».
Muitos ciganos queixam-se que ninguém lhes vende ou aluga casa, outros dizem que é mais difícil arranjar emprego e são constantes as tentativas simuladas de impedir que entrem em cafés, supermercados ou restaurantes, alerta Pereira Bastos.
As histórias de pais que não querem crianças ciganas a frequentar a escola dos seus filhos ainda persistem nos nossos dias.
Perante este cenário, o director do CEMME apresenta algumas propostas que poderiam mudar o actual panorama como «a alteração da Constituição, de molde a reconhecer os portugueses ciganos como uma minoria étnica, com dignidade e direitos próprios».
A implementação de um período de discriminação positiva, com promoção da escolarização dos jovens e com reserva de postos de trabalho para os que finalizam os diferentes graus de escolaridade é outra das ideias.
Entre as possíveis iniciativas, o antropólogo defende ainda a instituição de um 'provedor dos portugueses ciganos', que assegure o respeito pelos seus direitos, assim como o esclarecimento da população sobre a perseguição racista feita a esta etnia nos últimos quinhentos anos.
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=41565
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