Recife e São Paulo -
Está sendo realizado neste momento um protesto das mulheres católicas contra as declarações do Papa Bento XVI desfavoráveis à legalização do aborto. As manifestantes, reunidas em frente à Igreja de Santo Antônio, no centro do Recife, também pedem mudanças na postura da Igreja Católica em relação ao uso de contraceptivos e à liberdade sexual.“O recado que a gente quer dar é que as mulheres católicas também têm o direito de viver a sua sexualidade, de se proteger nas relações sexuais e têm o direto de decidir sobre o seu próprio corpo. A sociedade mudou e a religião não pode desrespeitar os direitos da mulher. A gente tá na rua com uma mobilização, um ato simbólico para falar sobre isso. Você liga a televisão, o rádio e só vê a visita do Papa, mas tem um outro lado que agente precisa falar também”, defende Suely Longueiro , do Fórum de Mulheres de Pernambuco.
O protesto foi organizado em doze capitais brasileiras, entre elas São Paulo, que recebe e hospeda o Papa de ontem até domingo. Na capital paulista, a manifestação atraiu poucas pessoas, em frente à Catedral da Sé, no centro da cidade. Apenas cerca de dez manifestantes compareceram ao protesto, iniciado ao meio-dia em ponto. Uma das coordenadoras da manifestação, Dulce Xavier, criticou a postura de Bento XVI na chegada ao Brasil. “O Vaticano não tem o direito de impor a sua política a uma sociedade. Além disso, os parlamentares têm o dever de fazer leis e ações para a população, e não para o Papa. Essas decisões não podem ser influenciadas pela presença dele no Brasil”, declarou.
Sobre a polêmica em torno do tema, a manifestante acredita que o problema é a forma como a defesa do aborto é encarada. “As pessoas acham que, quando se defende a legalização, defende-se apenas pelo ato. O que nós queremos é que as mulheres decidam se querem e porque querem fazer, preservando inclusive a saúde delas, já que muitas morrem em clínicas ilegais”, opinou Liege Rocha, membro da União Brasileira de Mulheres.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o parto representa a primeira causa de internação de meninas, entre 15 e 19 anos, no Sistema Único de Saúde. Em todas as regiões, a gravidez precoce representa 80% das internações das jovens. O aborto ainda é a terceira causa de morte materna do país.
Da Redação do PERNAMBUCO.COM,
com informações do repórter Thiago Marinho, enviado especial
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