Governo guineense e UNICEF querem erradicar excisão feminina
A agência das Nações Unidas e a Guiné-Bissau querem implementar uma estratégia que faça com que, a médio prazo, as populações muçulmanas abandonem esta prática ancestral, que não raras vezes acaba com a morte da mulher.
Pedro Chaveca
8:53 Domingo, 11 de Nov de 2007
Pedro Chaveca
8:53 Domingo, 11 de Nov de 2007
O governo de Bissau e o Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para as Crianças (UNICEF) querem erradicar a prática da excisão feminina, ou "fanado de mulher", do território guineense. Para isso vai ser lançada uma vasta campanha de sensibilização junto da comunidade muçulmana.
Durante a semana passada decorreu uma reunião em Bissau, entre responsáveis governamentais, organizações não-governamentais (ONG) e a UNICEF, cujo objectivo era, precisamente, delinear uma estratégia para que esta prática, que envolve a amputação do clítoris, seja abandonada em definitivo. Embora já existam campanhas de sensibilização em curso há mais de 15 anos, os resultados estiveram sempre longe do pretendido.
Hoje, e mesmo com crianças cada vez mais novas a serem excisadas, as ONG no terreno estão mais optimistas do que no passado: "Em todas as circunstâncias é difícil, mas pessoalmente acredito que vamos conseguir alcançar o sucesso, sabendo que actualmente a população está mais receptiva para falar sobre este assunto", avançou Ensa Jandi, da ONG Alansar.
Jandi apelou ainda para que se realize uma iniciativa a nível global, pois "só com o apoio da comunidade internacional iremos conseguir obter resultados positivos daqui a alguns anos", sublinhou.
"O Islão recomenda a protecção da mulher e não a sua mutilação"
Aladje Blade, director de programa da ONG Plan Internacional na Guiné-Bissau, realizou um estudo que revelou uma realidade bastante negra, com crianças cada vez mais novas a serem submetidas à remoção do clítoris.
"A conclusão deste trabalho é que é cada vez menor a idade das crianças submetidas à excisão. O estudo recomenda que não se deve abordar esta questão de forma isolada, mas sim no contexto das necessidades das comunidades", referiu Blade.
Quanto a esta prática ancestral ser uma indicação do Islão, Fatumata Djau Baldé, activista guineense pró-abolição da mutilação genital feminina, desmente: "A prática da excisão é anterior ao Islão, a sua recomendação é meramente tradicional. O que o Islão recomenda é a protecção da mulher e não a sua mutilação".
A mutilação genital ou excisão feminina é considerada uma norma social de iniciação, praticada por parte da comunidade muçulmana na Guiné-Bissau. Envolta num grande secretismo, acarreta sempre grande sofrimento para a criança, que é amputada sem qualquer recurso a anestesia.
Em virtude da falta de higiene com que estas cirurgias são realizadas é comum a ocorrência de hemorragias e danos graves nos órgãos genitais das crianças, bem como transmissão de doenças infecciosas e, nalguns casos, a morte.
com agências
Durante a semana passada decorreu uma reunião em Bissau, entre responsáveis governamentais, organizações não-governamentais (ONG) e a UNICEF, cujo objectivo era, precisamente, delinear uma estratégia para que esta prática, que envolve a amputação do clítoris, seja abandonada em definitivo. Embora já existam campanhas de sensibilização em curso há mais de 15 anos, os resultados estiveram sempre longe do pretendido.
Hoje, e mesmo com crianças cada vez mais novas a serem excisadas, as ONG no terreno estão mais optimistas do que no passado: "Em todas as circunstâncias é difícil, mas pessoalmente acredito que vamos conseguir alcançar o sucesso, sabendo que actualmente a população está mais receptiva para falar sobre este assunto", avançou Ensa Jandi, da ONG Alansar.
Jandi apelou ainda para que se realize uma iniciativa a nível global, pois "só com o apoio da comunidade internacional iremos conseguir obter resultados positivos daqui a alguns anos", sublinhou.
"O Islão recomenda a protecção da mulher e não a sua mutilação"
Aladje Blade, director de programa da ONG Plan Internacional na Guiné-Bissau, realizou um estudo que revelou uma realidade bastante negra, com crianças cada vez mais novas a serem submetidas à remoção do clítoris.
"A conclusão deste trabalho é que é cada vez menor a idade das crianças submetidas à excisão. O estudo recomenda que não se deve abordar esta questão de forma isolada, mas sim no contexto das necessidades das comunidades", referiu Blade.
Quanto a esta prática ancestral ser uma indicação do Islão, Fatumata Djau Baldé, activista guineense pró-abolição da mutilação genital feminina, desmente: "A prática da excisão é anterior ao Islão, a sua recomendação é meramente tradicional. O que o Islão recomenda é a protecção da mulher e não a sua mutilação".
A mutilação genital ou excisão feminina é considerada uma norma social de iniciação, praticada por parte da comunidade muçulmana na Guiné-Bissau. Envolta num grande secretismo, acarreta sempre grande sofrimento para a criança, que é amputada sem qualquer recurso a anestesia.
Em virtude da falta de higiene com que estas cirurgias são realizadas é comum a ocorrência de hemorragias e danos graves nos órgãos genitais das crianças, bem como transmissão de doenças infecciosas e, nalguns casos, a morte.
com agências
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