"Geriatria Precisa Ser Reconhecida
Francisco Jardim Ramos garante que, ao contrário do resto do país, a
Madeira tem apostado na prestação de cuidados para com os idosos. Portugal continua a oferecer um serviço pouco qualificado no que toca à prestação de cuidados aos idosos, uma situação que a Madeira tem vindo a contrariar.
De acordo com Maria de Lourdes Quaresma, coordenadora do Pós-Graduação em Gerontologia Social do Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa, os lares de idosos têm pessoas pouco qualificadas e a maior parte dos médicos não tem preparação nesta área. A especialista que falava no âmbito de um encontro sobre o isolamento nas pessoas idosas promovido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Cruz Vermelha e Coração Amarelo reiterou que “falta um trabalho multidisciplinar” e que “deveriam existir equipas com várias valências para acompanhar os idosos”.
O que acontece é que a Geriatria, um ramo da Medicina especializada nos cuidados com os idosos não existe ao nível nacional tendo os interessados na matéria que recorrer a Universidades fora do país para obterem esta formação. Foi o que aconteceu com o geriatra madeirense, Francisco Jardim Ramos que acabou por recorrer ao país vizinho para obter esta especialização. O responsável não compreende como é que Portugal, ainda, não reconhece esta especialidade que já é comum na UE.
A Madeira tem procurado inverter esta situação, através da aplicação de diversas medidas. Em declarações prestadas ao JM, Francisco Jardim Ramos garantiu que, na Madeira, nos lares e espaços que acolhem idosos há, sempre, um médico disponível que segue as orientações devidas para os cuidados a ter para com esta faixa etária. Para além disso, ao nível do ensino da enfermagem na Região foi criada a especialidade em Geriatria, que tem sido seguida por muitos destes profissionais.
Os assistentes domiciliários, também, têm recebido formação nesta área. População está a envelhecer Cuidados serão valorizados O geriatra Francisco Jardim Ramos considera que a Geriatria “vai-se sobrepôr com mais equidade do que a própria Pediatria”. No entender do responsável esta situação decorre da diminuição do número de nascimentos e do envelhecimento cada vez mais acentuado da população, o que vai fazer com que esta especialidade na área da Medicina venha a ganhar uma importância maior no nosso país. Por outro lado, e segundo as estatísticas, há um envelhecimento da população devido à maior esperança de vida.
A Geriatria como ramo da Medicina dedica-se ao estudo, prevenção e tratamento das doenças e da incapacidade em idades avançadas. Os geriatras são médicos especializados nos cuidados com o idoso e têm a sua formação variável em diferentes países. Geralmente, esta passa por uma formação generalista (medicina interna, externa, medicina de família), sendo depois treinados para aspectos específicos da saúde do idoso. Geriatra garante que na Madeira não há uso abusivo de sedativos nos lares da 3.ª Idade «Idosos devem consultar o médico em vez de se auto-medicarem»
O geriatra Francisco Jardim Ramos considera que na Madeira não há uso abusivo de sedativos nos lares ou em outros espaços que acolhem idosos. Ao JM, o profissional de Saúde admitiu que, a nível nacional esta situação “poderá aplicar-se em lares privados que, na verdade, não reúnam as condições satisfatórias para viver”.
Francisco Jardim Ramos comentava, desta forma, denúncias feitas por Paulo Pereira Neves, médico homeopata e Maria de Lourdes Quaresma, coordenadora do Pós-Graduação em Gerontologia Social do Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa, sobre a situação a nível nacional. O médico homeopata apontou que “é triste ver lares onde os idosos são sedados para não dar trabalho”.
Maria de Lourdes Quaresma, também, admitiu a existência deste problema em Portugal e defendeu que os casos devem ser denunciados. Francisco Jardim Ramos reiterou que na Região esta situação possa acontecer, mas, apenas, ao nível dos idosos que não estão nos lares. Dado que o envelhecimento traz depressões, ansiedade e isolamento o especialista sustentou que os idosos que, ainda, vivam em casa própria possam recorrer à auto-medicação, por vezes, com a ideia errada de que o medicamento que fez bem ao vizinho lhes vai fazer bem. Por isso deixou um alerta para que as pessoas idosas consultem o médico antes de tomarem sedativos ou outro tipo de medicamento.
in Jornal da Madeira
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