"Pólo fantasma" frustra alunos de Serviço Social
Estudantes da UTAD com falta de professores querem ir para Vila Real
Ontem
EDUARDO PINTO
O pólo da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) em Miranda do Douro está moribundo. Os 42 alunos que frequentam o curso de Serviço Social chamam-lhe "pólo fantasma" e sentem-se desanimados.
Há cerca de uma década, quando abriu, o pólo da UTAD em Miranda do Douro chegou a ter 450 alunos, mas nos últimos anos têm pairado sobre ele nuvens negras que prenunciam para breve o encerramento, embora oficialmente ainda não nada tenha sido decidido pela reitoria da Universidade. Tanto assim é que deste curso só estão em Miranda os alunos do 3.º e 4.º ano. Os dos 1.º e 2.º já têm aulas em Vila Real, cidade sede da UTAD. E como para a semana os do último ano vão para estágio, ficam no pólo mirandês apenas os do terceiro.
Para além de se sentirem isolados, o que mais os assusta neste momento, porém, é o facto de só terem professor para duas das seis cadeiras. Leandra Cardoso, da Guarda, sente-se "frustrada" por estudar numa escola que "não tem professor para as disciplinas com mais créditos no curso".
Na actual situação de incerteza, Carla Oliveira, de Santa Maria da Feira, entende que é "um desperdício de tempo e dinheiro" ter de se deslocar ao domingo para Miranda, só porque no horário tem duas horas de aula na tarde de segunda-feira. Mas depois "terça não há aulas, quarta só há três horas de manhã e na quinta também não há", explica Carla, reiterando que "não há professores para as cadeiras mais importantes".
A Cristiana Gomes, de Barcelos, custa-lhe mais ainda porque aproveita o fim-de-semana para trabalhar numa pastelaria na sua terra e "ganhar algum". Tem de sair mais cedo ao domingo para não perder o comboio e o autocarro que a leva a Miranda e, depois de chegar esbarrar com "um aviso na porta a dizer que não há professor na terça". "Acho que andam a brincar um pouco com as pessoas. Pagamos 970 euros de propinas e não temos condições nenhumas", critica.
Cristiana diz que o que ganha na pastelaria lhe dá "apenas para as viagens". Mas se soubesse que à quinta não havia aulas poderia ir embora mais cedo e aproveitar para trabalhar mais um dia.
E é por isso que todas e mais algumas defendem, que a turma do 3º ano também seja transferida para Vila Real.
"Estando todos juntos teríamos mais força para reivindicar melhores condições", acrescenta Leandra. Mas não só. "A vida académica está em Vila Real, aqui não se passa nada. Nem semana do caloiro, nem direito a praxar. A minha ideia de andar na Universidade não era está. Estou muito desiludida", atira Cristiana.
O pedido para transferir os alunos para a sede da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro já foi feito, mas, segundo dizem, recusado.
Ontem
EDUARDO PINTO
O pólo da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) em Miranda do Douro está moribundo. Os 42 alunos que frequentam o curso de Serviço Social chamam-lhe "pólo fantasma" e sentem-se desanimados.
Há cerca de uma década, quando abriu, o pólo da UTAD em Miranda do Douro chegou a ter 450 alunos, mas nos últimos anos têm pairado sobre ele nuvens negras que prenunciam para breve o encerramento, embora oficialmente ainda não nada tenha sido decidido pela reitoria da Universidade. Tanto assim é que deste curso só estão em Miranda os alunos do 3.º e 4.º ano. Os dos 1.º e 2.º já têm aulas em Vila Real, cidade sede da UTAD. E como para a semana os do último ano vão para estágio, ficam no pólo mirandês apenas os do terceiro.
Para além de se sentirem isolados, o que mais os assusta neste momento, porém, é o facto de só terem professor para duas das seis cadeiras. Leandra Cardoso, da Guarda, sente-se "frustrada" por estudar numa escola que "não tem professor para as disciplinas com mais créditos no curso".
Na actual situação de incerteza, Carla Oliveira, de Santa Maria da Feira, entende que é "um desperdício de tempo e dinheiro" ter de se deslocar ao domingo para Miranda, só porque no horário tem duas horas de aula na tarde de segunda-feira. Mas depois "terça não há aulas, quarta só há três horas de manhã e na quinta também não há", explica Carla, reiterando que "não há professores para as cadeiras mais importantes".
A Cristiana Gomes, de Barcelos, custa-lhe mais ainda porque aproveita o fim-de-semana para trabalhar numa pastelaria na sua terra e "ganhar algum". Tem de sair mais cedo ao domingo para não perder o comboio e o autocarro que a leva a Miranda e, depois de chegar esbarrar com "um aviso na porta a dizer que não há professor na terça". "Acho que andam a brincar um pouco com as pessoas. Pagamos 970 euros de propinas e não temos condições nenhumas", critica.
Cristiana diz que o que ganha na pastelaria lhe dá "apenas para as viagens". Mas se soubesse que à quinta não havia aulas poderia ir embora mais cedo e aproveitar para trabalhar mais um dia.
E é por isso que todas e mais algumas defendem, que a turma do 3º ano também seja transferida para Vila Real.
"Estando todos juntos teríamos mais força para reivindicar melhores condições", acrescenta Leandra. Mas não só. "A vida académica está em Vila Real, aqui não se passa nada. Nem semana do caloiro, nem direito a praxar. A minha ideia de andar na Universidade não era está. Estou muito desiludida", atira Cristiana.
O pedido para transferir os alunos para a sede da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro já foi feito, mas, segundo dizem, recusado.
Coordenador da UTAD garante professores para a semana
Ontem
O coordenador do pólo da UTAD em Miranda do Douro, Humberto Martins, garante que o problema da falta de professores "já está resolvido" e que na próxima semana todas as disciplinas estarão asseguradas por três docentes. Explica que a professora responsável pelas unidades curriculares entrou num "processo de gravidez mais precoce e teve de ser substituída", o que obrigou a fazer uma selecção "apurada e criteriosa" de um novo docente.
Humberto Martins admite que possa haver alguma associação entre o futuro reservado ao pólo e o facto de não haver aulas. Mas adianta que se sente "triste e revoltado", pois numa turma em que há 40 alunas "não se percebe a situação de maternidade de uma mulher". "Isto chega a ser ridículo", critica.
O delegado do reitor da UTAD revela ainda que as aulas perdidas nas primeiras quatro semanas do ano vão ser compensadas com um "acréscimo de 20 minutos a cada uma das aulas normais das restantes 12 semanas". Sobre a transferência do curso garante que "existe igualdade opinião entre os que querem que vá para Vila Real e os que querem que fique em Miranda".
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