sexta-feira, outubro 17, 2008

CFESS Divulga Principais Intervenções Conferência Mundial de Serviço Social Bahia 2008

CFESS Divulga Principais Intervenções na Conferência Mundial de Serviço Social Bahia 2008

(...)
Temas essenciais

Além do assunto abordado por Lilian, mais três temas debatidos no encontro poderiam ser apontados como as principais tendências da área para os próximos anos: a necessidade de uma compreensão crítica e ampla da realidade; a importância de desmistificar a naturalização da pobreza, da desigualdade e da globalização; e o fortalecimento do Estado Democrático de Direito.

A necessidade de que os assistentes sociais desenvolvam uma compreensão crítica e ampla da realidade foi defendida desde os primeiros discursos, em sotaque canadense por Ellen Wood e em bom português por José Paulo Netto.

Para este, “chamar esse mundo de globalizado e desigual é pouco”. E provocou: “O que fez o (a) assistente social durante o período de ditadura militar? O que ele (ela) faz em contextos de crise?” Profissionais de todas as origens refletiam em silêncio. Ao final, José Paulo Netto não conseguiu fazer o percurso de volta com tranqüilidade. Foi cercado por fãs entusiasmados (as) que disputavam um abraço, enquanto flashes disparavam em sua direção.

Marilda Iamamoto ainda não era nem a estrela principal e percebeu o trabalho que teria com o afeto do público. Compareceu ao auditório como espectadora para a conferência dos (as) colegas e logo se tornou o epicentro de um furacão de pessoas e máquinas fotográficas.Quando chegou sua vez de falar, justificou a admiração que seus (as) leitores têm por suas idéias. Ao defender uma articulação entre o exercício profissional e a reflexão teórica, abriu as portas para apaixonadas intervenções de estudantes e assistentes sociais que não deram descanso ao microfone.

A sul‐africana Vishantie Sewpaul e a Conselheira‐Presidente do CFESS, Ivanete Boschetti, falaram sobre a luta por trabalho, direitos e democracia no mundo globalizado. No Brasil, os 10% mais pobres ficam com apenas 1,1% da renda do trabalho (dados de 2005), enquanto os 10% mais ricos ficam com 44,7% (Dieese, 2007 e Pnad, 2005). Surge daí a naturalização da pobreza, assunto até simples de se ilustrar, quando se está em uma cidade brasileira, como Salvador.

Ivanete lembrou que “nossos (as) colegas estrangeiros (as) podem ver nas ruas uma convivência aparentemente harmoniosa entre pobres e ricos. Em outros continentes essa desigualdade se manifesta, muitas vezes, em forma de guerra civil. Mas no Brasil, nossa realidade é de naturalização dessa desigualdade, o que contribui para sua permanência.” Ivanete prevê que apenas quando a sociedade se mostrar verdadeiramente indignada é que será possível modificar tal realidade.

A consolidação da democracia, aliás, é algo a ser conquistado principalmente na América Latina – cuja história recente de regimes autoritários ainda deixa marcas. Mas também na África e em parte da Ásia, como forma de garantir acesso a direitos políticos e cidadania. São anseios diferentes de países da Europa e Estados Unidos, que têm um Estado Democrático e Direito consolidado há muito tempo.
A cara do Brasil, benefícios para o mundo
Não é por acaso que os debates, em sua maioria, giram em torno da realidade latino‐americana. Essa é a primeira vez que a Conferência acontece no Brasil, e a segunda na América Latina – a primeira foi na Argentina. Como o próprio CFESS ficou responsável por organizar o evento, houve a possibilidade de pautar as discussões com temas que orientassem o fazer profissional daqui. Isso ficou transparente logo na abertura, quando Ivanete declarou que “para nós é uma oportunidade de socialização de nossas convicções, princípios e forma de olhar o mundo e o serviço social. Mas também para um importante diálogo entre diversas nações do mundo”.

Fica a esperança real de que, na viagem de volta, gente como a nigeriana Lilian Ejy‐Akwyba tenha levado para diferentes partes do mundo, lições de radicalização da democracia, de respeito aos direitos humanos e de resistência.Ivanete encerrou seu discurso lembrando que “o mundo é pequeno pra caramba’, como diz a música, e hoje 47 países do mundo estão aqui no Brasil. É, portanto, uma oportunidade histórica para nos unirmos em defesa da vida, da liberdade e da emancipação humana”.Lilian Akwyba, Istuan Gergely, Kozo Iwasaki. Lembrando o final daquela música: somos todos filhos do mesmo mundo, “só não falamos a mesma língua.”
(...)



Veja as principais intervenções in http://www.cfess.org.br/conferencia_textos.html

Sem comentários: