segunda-feira, agosto 15, 2011

Leitura de Férias: A Velha Questão Social José Adelino Maltez no DN 5 de Agosto

Quando o jovem Afonso Costa, na sua dissertação académica de 1891,“ A Egreja e a Questão Social” assumia o hibridismo da colectivização social, mas sem estatização da economia, ele estava a profetizar um modelo que se tornou dominante entre nós, do salazarismo ao presente “ ismo” do social e das respectivas armadilhas. Porque todos os que podem, livremente, fazer, da política um distanciado objecto de análise, conseguem notar que, na prática, as teorias dos programas eleitorais e das ideologias invocadas são sempre outras. Basta recordar, seguindoVitorino Magalhães Godinho, que, em 1832, os rendimentos das ordens religiosas andavam pelos 1162 contos, enquanto o Estado recolhia apenas 1600 contos em impostos directos. Isto é, as políticas públicas eram exercidas fundamentalmente pelo clero e nobreza, do ensino à saúde, incluindo a segurança e a defesa. Por outras palavras, por cá, tanto foram os liberais que implantaram o Estado como, depois, vai ser Salazar a instituir o que, meio século antes, fora semeado por Bismarck. Tal como, depois, vão ser os socialistas de Soares a pôr o socialismo nacionalizador na gaveta e a iniciar a era das privatizações e de acordos neofeudais com as forças vivas de umaeconomia privada que nos condicionou sem mercado. Infelizmente, a peneira das ideologias não consegue tapar-nos o sol de um dos nossos falhanços estruturais: a existência de umaclasse média geradora de receitas fiscais, porque ela é cerca de um quarto dos que estão abaixo do limiar da pobreza e paga mais de metade dos impostos.
Daí o perigo da insustentabilidade do sistema, em que quase um milhão de eleitores bailarinos costumam passar do PS para o PSD, e vice-versa, os tais self-made man menque ....

etc

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