APROPUC-SP 04.10.10
Depois das ameaças de setores da Igreja a APROPUC recebeu uma série de moções que manifestam apoio ao lançamento do livro A criminalização do aborto em questão. Confira os principais trechos dos apoios:
Curso de Serviço Social da PUC-SP
Em nome dos professores do Curso de Serviço Social da PUC-SP manifestamos incredulidade e indignação frente à inusitada polêmica que tenta inviabilizar o lançamento do livro A criminalização do aborto em questão, de autoria do Prof. Dr. Maurílio Castro de Matos. Sabemos todos que a liberdade do homem é construída sobre o pensar e queremos tomar a alegoria do Mito da Caverna, de Platão, como referência, como possibilidade, ao lembrar que o homem aprisionado (no pensamento), só pode ter outra interpretação das sombras que via após se libertar de seus grilhões e ver os objetos reais fora da caverna... Só a curiosidade intelectual e a busca incessante, determinada e rigorosa pelo conhecimento pode construir uma nova interpretação da realidade, invadindo sua aparência e desvelando sua essência, abrindo novas possibilidades de apreensão e compreensão do real...
Associação Brasileira de Serviço Social
A ABEPSS não tem uma posição definida sobre a questão do aborto, mas temos uma posição clara sobre a universidade: ela deve ser o palco dos mais acalorados debates nacionais, inclusive este, ser um celeiro de ideias e de criação, pautar-se pelo debate democrático, romper com o obscurantismo e trabalhar para o esclarecimento científico e racional dos mais diversificados objetos de estudo e discussão. Se a Igreja Católica decidiu investir em educação, que, cabe lembrar, é uma concessão pública, tem que assegurar os princípios que fazem de uma universidade algo digno deste nome. A PUC-SP tem uma história de resistência e democracia a zelar e que não pode sucumbir à iniciativas reacionárias e extemporâneas de cerceamento dos debates e das diferenças, perseguindo professores e "queimando" livros, ainda que simbolicamente. Com base nestes argumentos apoiamos a realização do evento e do debate, ao qual desejamos sucesso, reafirmamos os princípios éticos-políticos que vêm orientando o Serviço Social no Brasil presentes no nosso Código de Ética e no projeto de formação profissional em todos os níveis, e repudiamos as ameaças de demissão de professores e ameaças de ruptura com a autonomia universitária que pairam hoje sobre esta importante universidade.
Conselho Federal de Serviço Social
O debate e lançamento do livro A criminalização do Aborto em questão acontece às vésperas do dia de luta Latina e Caribenha pela descriminalização e legalização do aborto (dia 28/09), oportunidade excelente para que docentes e discentes da PUC-SP discutam o tema com a profundidade e sensibilidade que a questão demanda. O aborto inseguro é reconhecido como uma questão grave de saúde pública. A pesquisa "20 anos de pesquisa sobre o aborto no Brasil" do Ministério da Saúde/2009, afirma que o perfil das mulheres que se submetem ao aborto está entre 20 e 29 anos, possuem união estável, são trabalhadoras, mães de no mínimo um filho, têm até 8 anos de escolaridade e são predominantemente católicas. Revelam, também, que a criminalização não diminui o número de abortos e mortes de mulheres no Brasil e no mundo. O CFESS e os conselhos regionais de Serviço Social após anos de debates decidiram apoiar a luta pela descriminalização e pela legalização do aborto por entender que o aborto inseguro é um grave problema de saúde pública; por considerar os direitos sexuais e reprodutivos da mulher como direitos humanos.
Conselho Departamental da Faculdade de Serviço Social da UERJ
O livro é resultado parcial de uma tese de doutorado em Serviço Social na PUC-SP e seu autor é professor adjunto da nossa unidade acadêmica e tem uma trajetória de competência ético-profissional que orgulha a nossa faculdade, que defende a universidade laica, socialmente referenciada, pública e gratuita.
Curso de Serviço Social da UFF
Os professores do Curso de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense, Polo de Rio das Ostras, manifestam seu total apoio ao lançamento do livro "A criminalização do aborto em questão", do Prof. Dr. Maurílio Castro de Matos, parabenizam a APROPUC pela iniciativa, o autor pela qualidade da obra e demais pesquisadores da Mesa de debates pela coragem em não sucumbir ao obscurantismo. Manifestam, também, seu repúdio às tentativas de cerceamento da liberdade e autonomia intelectuais que, em nome de uma dada moralidade cristã, revelaram conteúdos odiosos, moralistas e reacionários sustentados por uma visão arrogante de verdade que se pretende absoluta e inquestionável diante de uma realidade que é diversa e que diz respeito exclusivamente ao campo dos direitos sexuais e reprodutivos.
A Associação de Docentes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ASDUERJ)
Nosso apoio estende-se ao Prof. Maurílio, docente de nossa universidade - a Universidade do Estado do Rio do Rio de Janeiro (UERJ) e nosso companheiro - pelo seu direito à liberdade de expressão e de socialização de sua produção científica. Ao mesmo tempo, a ASDUERJ vem defender a própria liberdade de ideias, de crítica e de debate na sociedade brasileira, incluindo, aí, as universidades, que devem primar pelo compromisso de formar uma juventude consciente dos direitos humanos e da necessidade de lutar contra toda forma de autoritarismo que insiste em se fazer presente no Brasil.
Também manifestaram apoio ao lançamento do livro, as seguintes entidades e professores: Eloísa Gabriel dos Santos, presidente do CRESS, 9ª Região São Paulo; Pós-Graduação em Serviço Social; GEPE da UFPE - Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Ética do Departamento de Serviço Social da UFPE; Núcleo de Estudos Sobre a Mulher da UERN; Lucia Barroco, PUC-SP; Maria das Graças Lustosa Professora da UFF; Mércia Nogueira; Profª Rose Serra; Jussara Mendes; Professores e técnicos do Curso de Serviço Social da Universidade Federal de São Paulo/Campus Baixada Santista; ABEPSS Leste ; os assistentes sociais da Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias; Núcleo de Estudos Sobre a Mulher da UERN e Diana Assunção, Coordenadora de Mulheres do Sintusp.
Para conferir as moções de apoio na íntegra acesse a página da APROPUC no endereço www. apropucsp.org.br.
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