Mutilação Genital Feminina: o flagelo do século XXI
Mafalda Santos é Licenciada em Comunicação Social, pós graduada em Criminologia e colaboradora do CPIHTS
A mutilação genital feminina compreende todos os procedimentos cirúrgicos que impliquem a remoção total ou parcial dos genitais femininos externos ou quaisquer outros danos no órgão genial feminino por motivos culturais não terapêuticos (OMS).
Desde a clitoridectomia à infibulação este é um ritual de transição das meninas e mulheres para a adultícia e dá-se por volta dos 4 aos 15 anos.
Pratica-se em 28 países do continente africano mas os movimentos imigratórios fizeram com que este passasse a ser, também, um problema europeu.
As consequências para estas crianças e mulheres dividem-se entre físicas (imediatas, a médio e
longo prazos) e psicológicas (também estas a curto, médio e longo prazos).
De salientar que a curto prazo a morte é muitas vezes uma realidade mas também as hemorragias, o choque hipovolémico ou séptico (Countdown 2015 Europe – Campaigning for universal access to reproductive health) e a longo prazo o aparecimento de quistos, a infertilidade e as complicações durante a gravidez e o parto são frequentes (Countdown 2015 Europe – Campaigning for universal access to reproductive health).
Psicologicamente estas crianças e mulheres enfrentam problemas como a ansiedade, a depressão, disfunção sexual, dispareunia entre outras.
A Unicef (Unicef - FACTSHEET: FEMALE GENITAL MUTILATION/CUTTING) fala em razões que levam à perpetuação deste tipo de flagelo. Atenuar o desejo sexual da mulher ou manter a castidade e virgindade antes do casamento, e a fidelidade depois do mesmo, são motivos psicossexuais. Sociologicamente surge a importância do legado cultural e a integração e coesão sociais e, em termos de higiene e estética, a MGF mantém-se porque os órgãos genitais femininos são considerados sujos e inestéticos.
As razões religiosas, apesar de não fundamentadas por textos religiosos, levam a que muitas mulheres se sujeitem e sujeitem as suas filhas por crerem que a MGF é exigida pela religião que seguem.
A MGF pratica-se essencialmente entre populações islamizadas mas também entre judeus, cristãos e muçulmanos (Yasmina Gonçalves; Mutilação Genital Feminina – para a APF - 2004).
Quem continua a perpetrar tamanha atrocidade a estas mulheres e crianças? As chamadas matronas, fanatecas ou excisadoras. São mulheres que gozam dum elevado estatuto social e recorrem a facas, pedaços de vidro, lâminas de barbear ou outros instrumentos, muitas vezes não esterilizados, para o procedimento (Unicef-FACTSHEET: FEMALE GENITAL MUTILATION/CUTTING).
A medicalização desta prática começa a ser uma perigosa realidade na medida em que as matronas começam a ser substituídas por pessoal médico que garante procedimentos indolores (durante o acto, embora as consequências físicas se mantenham) e consegue garantir o uso de equipamento esterilizado contornando doenças como o HIV.
Há cerca de 500.000 mulheres a viver na Europa com as consequências da MGF e, apesar das leis vigentes, não consegue controlar a prevalência nem a incidência da prática. A falta de medidas transfronteiriças e de controle leva a pensar que este não é um problema europeu (Poldermans, Sophie ; Combating Female Genital Mutilation in Europe; 2005-2006).
As campanhas de sensibilização vão-se multiplicando e juntam-se a Organizações Não Governamentais bem como a outras mulheres como Waris Dirie ou Khady numa tentativa de divulgar esta problemática que já não se cinge ao território africano.
Estudos da OMS e outras Organizações revelam uma diminuição da prevalência da MGF em que mulheres começam a optar por não sujeitas as suas filhas às consequências vitalícias desta prática (Female genital mutilation/cutting: a statistical exploration. New York, NY: UNICEF; 2005).
Em França um médico humanitário desenvolveu uma técnica de reconstrução do clitoris dando a mulheres vítimas duma prática milenar uma melhoria significativa na sua vida.
A chamada cirurgia contra a excisão é a reconstrução anatómica e funcional do clítoris que implica um internamento de 24 horas e 10 dias de cicatrização mas apenas um mês e meio depois três em cada quatro mulheres apresentam um clítoris com um aspecto normal. A reparação nervosa e sensorial demora três a seis meses e 80% das vezes o resultado anatómico é satisfatório (O livro negro da condição das mulheres, organização de Christine Ockrent).
Para Khady a cirurgia de reparação não deve substituir a erradicação tal como é importante “Nunca parar de falar, nunca parar de explicar o porquê se deve parar esta prática”.
Desde a clitoridectomia à infibulação este é um ritual de transição das meninas e mulheres para a adultícia e dá-se por volta dos 4 aos 15 anos.
Pratica-se em 28 países do continente africano mas os movimentos imigratórios fizeram com que este passasse a ser, também, um problema europeu.
As consequências para estas crianças e mulheres dividem-se entre físicas (imediatas, a médio e
longo prazos) e psicológicas (também estas a curto, médio e longo prazos).
De salientar que a curto prazo a morte é muitas vezes uma realidade mas também as hemorragias, o choque hipovolémico ou séptico (Countdown 2015 Europe – Campaigning for universal access to reproductive health) e a longo prazo o aparecimento de quistos, a infertilidade e as complicações durante a gravidez e o parto são frequentes (Countdown 2015 Europe – Campaigning for universal access to reproductive health).
Psicologicamente estas crianças e mulheres enfrentam problemas como a ansiedade, a depressão, disfunção sexual, dispareunia entre outras.
A Unicef (Unicef - FACTSHEET: FEMALE GENITAL MUTILATION/CUTTING) fala em razões que levam à perpetuação deste tipo de flagelo. Atenuar o desejo sexual da mulher ou manter a castidade e virgindade antes do casamento, e a fidelidade depois do mesmo, são motivos psicossexuais. Sociologicamente surge a importância do legado cultural e a integração e coesão sociais e, em termos de higiene e estética, a MGF mantém-se porque os órgãos genitais femininos são considerados sujos e inestéticos.
As razões religiosas, apesar de não fundamentadas por textos religiosos, levam a que muitas mulheres se sujeitem e sujeitem as suas filhas por crerem que a MGF é exigida pela religião que seguem.
A MGF pratica-se essencialmente entre populações islamizadas mas também entre judeus, cristãos e muçulmanos (Yasmina Gonçalves; Mutilação Genital Feminina – para a APF - 2004).
Quem continua a perpetrar tamanha atrocidade a estas mulheres e crianças? As chamadas matronas, fanatecas ou excisadoras. São mulheres que gozam dum elevado estatuto social e recorrem a facas, pedaços de vidro, lâminas de barbear ou outros instrumentos, muitas vezes não esterilizados, para o procedimento (Unicef-FACTSHEET: FEMALE GENITAL MUTILATION/CUTTING).
A medicalização desta prática começa a ser uma perigosa realidade na medida em que as matronas começam a ser substituídas por pessoal médico que garante procedimentos indolores (durante o acto, embora as consequências físicas se mantenham) e consegue garantir o uso de equipamento esterilizado contornando doenças como o HIV.
Há cerca de 500.000 mulheres a viver na Europa com as consequências da MGF e, apesar das leis vigentes, não consegue controlar a prevalência nem a incidência da prática. A falta de medidas transfronteiriças e de controle leva a pensar que este não é um problema europeu (Poldermans, Sophie ; Combating Female Genital Mutilation in Europe; 2005-2006).
As campanhas de sensibilização vão-se multiplicando e juntam-se a Organizações Não Governamentais bem como a outras mulheres como Waris Dirie ou Khady numa tentativa de divulgar esta problemática que já não se cinge ao território africano.
Estudos da OMS e outras Organizações revelam uma diminuição da prevalência da MGF em que mulheres começam a optar por não sujeitas as suas filhas às consequências vitalícias desta prática (Female genital mutilation/cutting: a statistical exploration. New York, NY: UNICEF; 2005).
Em França um médico humanitário desenvolveu uma técnica de reconstrução do clitoris dando a mulheres vítimas duma prática milenar uma melhoria significativa na sua vida.
A chamada cirurgia contra a excisão é a reconstrução anatómica e funcional do clítoris que implica um internamento de 24 horas e 10 dias de cicatrização mas apenas um mês e meio depois três em cada quatro mulheres apresentam um clítoris com um aspecto normal. A reparação nervosa e sensorial demora três a seis meses e 80% das vezes o resultado anatómico é satisfatório (O livro negro da condição das mulheres, organização de Christine Ockrent).
Para Khady a cirurgia de reparação não deve substituir a erradicação tal como é importante “Nunca parar de falar, nunca parar de explicar o porquê se deve parar esta prática”.
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