sábado, abril 12, 2008

ENFRENTAR A HOMOFOBIA PUC DO RIO ABRE PORTAS AO DEBATE

Enfrentar a Homofobia
10/4/2008
PUC do Rio abre portas para discutir homofobia, direitos gays e violência. 400 pessoas participam
Por Thereza Pires
Com o auditório Padre Anchieta da PUC- Rio lotado, cadeiras extras e público em pé, aconteceu no final da tarde desta quarta, 9, a mesa redonda “Enfrentar a Homofobia”, organizada pelo Núcleo de Serviço Social da Universidade, com a participação de Cláudio Nascimento (Secretaria de Estado de Assistiencia Social e Direitos Huanos) e Gláucia Elaine de Almeida, assistente social e professora da Sociedade Universitária Augusto Mota (UNISUAM). O moderador foi o pade jesuíta Luiz Correa Lima, holofote no final do túnel da intolerância e discriminação e promotor da inclusão da Igreja Católica a temática de defesa dos direitos da comunidade GLBT.Cláudio Nascimento (do Grupo Arco Íris) e Gláucia Almeida também são militantes conhecidos, tendo participado de diversos congressos internacionais sobre o assunto. Enfrentar a homofobia, proteger e respeitar a diversidade sexual tem sido uma constante na vida de Padre Luiz, um ponto fora da curva quando se pensa em sacerdotes tradicionais. A Companhia de Jesus, diz ele, tem tradição de presença nas fronteiras geográficas e nas encruzilhadas ideológicas. Agora procura seguir o exemplo da entidade que seria “uma espécie de Conferência de Bispos Alemã”, favorável à união civil entre pessoas do mesmo sexo.Em 2005, Padre Luiz organizou outra mesa redonda sobre violência contra homossexuais na Baixada Fluminense, em 2006 liderou um grupo de pesquisa sobre diversidade sexual e religião e, em 2007, coordenou uma jornada sobre diversidade sexual e cidadania.Rio sem HomofobiaCláudio Nascimento, Presidente do Grupo Arco Íris e um dos organizadores da Parada Gay carioca está no momento na Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos do estado do Rio, trabalhando pela igualdade de direitos humanos para gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais e pelo reconhecimento respeitoso desta comunidade. “A Universidade cumpre papel estratégico de mobilizar corações e mentes promovendo a igualdade”, declarou. Uma estatística cruel emocionou o público: de acordo com o Grupo Gay da Bahia, um homossexual é assassinado por dia no Brasil, na maioria das vezes com requintes de violência e sadismo. Em se tratando de transexuais ou travestis, a violência é potencializada. Apenas 7,8% dos homossexuais agredidos procuram uma Delegacia para fazer boletim de ocorrência e um (sim, apenas um) entre todos consegue ver seu caso ser levado a julgamento.As escolas também são - ainda - focos de repúdio. Em 1988, houve uma tentativa de criminalizar o preconceito na Constituição então em fase de finalizacão, mas Bernardo Cabral (aquele que dançou bolero) não permitiu. Afirmou que falava em nome da então tradicional família brasileira que havia respondido não de forma massiva em pesquisas que apuravam a possibilidade de receber em casa homossexuais amigos de seus filhos. Programas de televisão humorísticos (e o que o telespectador que perde seu sono considera “cultural”) tratam homossexuais com ironia e deboche. Felizmente, a partir de 1990, o trabalho nos municípios no sentido de fortalecer a rede comunitária agindo contra o conservadorismo, resultou na fundação de organizações GLBT (aualmente 250) e na elaboração de 110 leis municipais contra qualquer tipo de discrminação.O programa BRASIL SEM HOMOFOBIA está agilizando, no Rio, quatro ações efetivas;- Um DISQUE SOS GLBT, com 3 dígitos, semelhante ao já existente aqui utilizado para denunciar e violências em geral e à mulher.- Apoio na construção de dez centros estaduais à vítma de violência homofóbica.- Núcleo de monitoramento técnico na Polícia Civil para acompanhar casos de homofobia.- Programa SOS Saúde GLBT.Relembremos o caso Ferruti, de Niterói, onde o jovem agredido - além do estresse moral - continua em tratamento de diversas sequelas resultantes do ato covarde.A indiferença pela diferençaA Professora Gláucia Almeida apresentou um substancial data show e comentou fotos muito expressivas das Paradas cariocas. Mostrando a força democrática da expressividade popular. Ela considera que o Serviço Social rouba a cena na mobilização pública e, em sua exposição, ressaltou o trabalho dos assistentes sociais, geralmente os primeiros que chegam perto da vítima de homofobia. Os agredidos falam, sempre, sobre indiferença dos que testemunham a volência e da má vontade em expressar qualquer tipo de envolvimento. E nos deu uma boa notícia; no próximo recenseamento demográfico, será feita uma pergunta sobre a orientação sexual, com resposta opcional. "Já que o amor fala todas as línguas”, diz Cláudia, "seria muito bom que a comunidade GLBT assumisse sua identidade no próximo censo, para que possa ser quantificada”.

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