O estudo do perfil social dos usuários do Centro de Reabilitação infantil (CRI), elaborado pelas assistentes sociais Clemeilda Pereira e Maria da Conceição Queiroz, indicou que quase metade da demanda é procedente da capital e a maioria das crianças atendidas é do sexo masculino.
O atendimento é voltado às crianças e adolescentes, até 18 anos, que apresentam problemas neurológicos, físicos, mentais, deficiências sensoriais ou múltiplas. O tratamento é programado de acordo com o diagnóstico e a indicação de um especialista. Não existe um alojamento de apoio, para os pacientes que residem no interior. Porém, como alguns precisam passar o dia no centro, eles dispõem de uma sala de repouso e alimentação fornecida pelo CRI.
A frequência varia entre semanal, quinzenal e mensal.Os pacientes chegam de todo o estado, encaminhados pelas unidades básicas de saúde ou hospitais de urgência. Atualmente, as consultas são agendadas diretamente no CRI, mas esse serviço passará a ser feito através da central de marcação de consultas, possivelmente, a partir de maio próximo. A nova forma de agendamento fará com que atenda-se apenas pacientes elegíveis, ou seja, aqueles que não necessitam de um atendimento emergencial.
Rilder Campos, diretor do centro, e Clemeilda Pereira, assistente social, explicaram que um dos motivos da mudança foi o receio em relação ao CRI se transformar em uma espécie de pronto-socorro. ‘‘Hoje é comum haver consultas e encaminhamentos errados e a intenção é que isso pare de acontecer. Existe também o desejo de se voltar mais para o paciente e dar um tratamento cada vez mais qualificado, especializado e dentro de uma perspectiva de humanização’’, complementou Rilder.
A intenção inicial do trabalho da assistente social foi de identificar o perfil social dos usuários que chegam aos ambulatórios do CRI, pela primeira vez. Cremeilda explica que o serviço social tem o primeiro contacto com os pacientes, escuta as queixas dos problemas e das condições de vida. Em seguida, passam por uma avaliação de diagnóstico e é iniciado o tratamento específico, com o especialista. Os que não são elegíveis, o serviço social encaminha para outras unidades de tratamento da cidade.
Os usuários de referência integram a população menos favorecida da sociedade norte-riograndense. Os dados recolhidos pelas autoras do trabalho mostraram que 54,9% dos pacientes têm idade entre 0 e 7 anos, apesar de as estatísticas do estado indicarem maior incidência no grupo de de 10 a 14 anos.Com relação as adultos que acompanham a criança durante o tratamento, descobriu-se que 84,4% dos pacientes chegam com as mães, 4,1% com os avós, 3,4% com os pais, 1,2% com os tios e 1,6% com outros responsáveis.
O fato de a imensa maioria ser acompanhada pelas mães retrata a idéia de que a responsabilidade dos cuidados com os filhos é uma atividade tipicamente feminina.É o caso de Luana Barbosa, que acompanha a filha Maria Vitória, durante o tratamento com a fisioterapeuta Milza Parente. A menina foi diagnosticada como portadora da Síndrome de Moebius, ainda recém-nascida e começou o tratamento no CRI, aos dois meses, por indicação da geneticista. Milza explicou que a Síndrome de Moebius provoca deficiência nos membros, ‘‘feição de boneca’’ (sem distinção do sorriso), e limitação no movimento dos olhos, podendo vir acompanhada de deficiência mental.
O estudo concluiu ainda que 48,9% dos usuários são de Natal e que praticamente metade das queixas são neurológicas (48%), seguidas pelas psicológicas (17,9%), ortopédicas (13,3%), fonoaudiológicas (8%), genéticas (2,5%) e psiquiátricas (2,5%).
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